Os inquiridos pelo canal televisivo CNN consideraram que a candidata democrata à Casa Branca Hillary Clinton venceu o debate de domingo com o rival Donald Trump, apesar de admitirem que o republicano melhorou em relação ao frente-a-frente anterior.
Dos 537 inquiridos, uma amostra “ligeiramente enviesada” para o lado democrata, segundo reconheceu a própria CNN, 57% respondeu que Clinton venceu o debate, enquanto 34% disse ter sido Trump.
Entre os entrevistados, 63% considerou, no entanto, que o magnata teve melhor prestação do que no primeiro debate, há duas semanas. Já 15% respondeu que o desempenho de Trump foi semelhante e 21% que esteve pior.
No caso de Clinton, 39% disse que a sua prestação melhorou, 34% que foi igual e 26% que piorou.
Apesar de perder por mais de 20 pontos, o empresário nova-iorquino melhorou os números em relação ao primeiro debate, em que apenas 27% considerou que venceu, enquanto 62% optou por Clinton.
As eleições presidenciais norte-americanas realizam-se em novembro.
Trump quer Hillary presa
O candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, disse no domingo que se for eleito Presidente irá processar a sua rival Hillary Clinton devido ao caso dos emails e que sob a sua liderança ela estaria “na prisão”.
Durante o segundo debate entre os dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos da América nas eleições de novembro, Trump voltou a atacar Clinton por ter usado um endereço de correio eletrónico privado enquanto secretária de Estado (2009-2013) e ameaçou, caso chegue à Casa Branca, nomear um procurador especial para a investigar.
Em resposta, Clinton voltou a admitir que cometeu um “erro” com os emails e garantiu estar “muito comprometida” em lidar de forma séria com informação classificada.
“É de facto muito bom que alguém com o temperamento de Donald Trump não seja responsável pela lei no nosso país”, declarou, impelindo o republicano a responder: “Porque estarias na prisão”.Abusos contra mulheres a abrir
Mas este segundo debate entre Trump e Hillary Clinton começou com uma troca de acusações acerca de abusos contra mulheres.
Trump negou ter atacado sexualmente mulheres e disse que as “respeita”, respondendo à recente divulgação de um vídeo de 2005 em que se ouve o magnata fazer comentários degradantes sobre mulheres, com linguagem considerada vulgar e ofensiva.
Quando Clinton trouxe o assunto para cima da mesa, Trump voltou a dizer que se tratou de “conversa de balneário” e sublinhou que já pediu desculpa à sua família e aos cidadãos dos Estados Unidos da América.
A democrata considerou que as declarações neste vídeo não foram fruto de um momento excecional, mas sim um reflexo de “quem Trump é”.
“Tudo o que vimos e ouvimos na sexta-feira foi Donald a dizer de mulheres o que ele pensa sobre as mulheres, o que ele faz às mulheres”, afirmou.
“Ele diz que o vídeo não representa quem ele é, mas creio que é claro para quem o tem visto que representa exatamente o que ele é. Vimo-lo insultar mulheres, dar-lhes pontos pela sua aparência”, acrescentou.
Ao mesmo tempo que se defendia destas acusações – que incluem suspeitas de que o republicano agarrava de forma sexual mulheres contra a sua vontade -, Trump apontou o dedo ao antigo Presidente e marido de Hillary, Bill Clinton, acusando-o de ter um comportamento “abusivo para com as mulheres”.
Momentos antes de o debate começar em St. Louis (Missouri), Trump surgiu em público, perante jornalistas, com quatro mulheres que acusaram Bill Clinton de assédio sexual.
Clinton vê Rússia aliada de Trump
A candidata democrata à Casa Branca acusou ainda a Rússia de tentar influenciar as eleições presidenciais norte-americanas de 2016 a favor de Donald Trump, através de pirataria informática: “Estão a fazê-lo para tentar influenciar a eleição a favor de Donald Trump”.
Em resposta, Trump rejeitou as conclusões dos serviços secretos de que a Rússia esteve por detrás de ataques informáticos recentes a cidadãos e entidades norte-americanas.
Na sexta-feira, o Governo dos Estados Unidos da América acusou oficialmente a Rússia por ataques informáticos recentes contra pessoas e instituições norte-americanas com o objetivo de interferir nas eleições presidenciais de 8 de novembro.
Em julho, Hillary Clinton já havia acusado a Rússia do ataque informático de que foi alvo o secretariado do Partido Democrático, que levou à divulgação de 20 mil emails pelo WikiLeaks, tornado públicas as estratégicas da direção do partido para debilitar o senador Bernie Sanders, que disputou as primárias do Partido Democrático.
“Um presente para o Estado Islâmico”
Neste debate, Clinton apoiou também o estabelecimento de `zonas seguras` na Síria, a par de uma investigação à Rússia por crimes de guerra cometidos em apoio ao Presidente Bashar al-Assad.
A democrata atacou ainda o seu rival em relação à postura que demonstrou em relação aos muçulmanos, acusando-o de contribuir para o recrutamento de organizações terroristas.
“Vejam a propaganda nestas páginas de internet terroristas, o que Donald Trump diz é utilizado para captar terroristas”, assegurou, sublinhando que os comentários do candidato republicano são “imprudentes” e “perigosos”.
A antiga secretária de Estado (2009 – 2013) lamentou que os países árabes estejam reticentes em lutar ao lado dos Estados Unidos na guerra contra o Estado Islâmico, influenciados pelos comentários de Trump.
“Muitos destes países ouvem Trump e dizem `Para que vamos colaborar com eles [Estados Unidos]?` Isto é um presente para o Estado Islâmico”, disse.
A ex-primeira dama referiu-se ao plano do magnata de proibir a entrada de todos os muçulmanos nos Estados Unidos, como método para combater o terrorismo.
Trump propôs também a criação de um teste “ideológico” para imigrantes que queiram entrar no país, para lutar contra grupos extremistas como o Estado Islâmico.
Evitar pagar impostos? Claro
O candidato republicano à Casa Branca reconheceu ter evitado pagar impostos após declarar perdas de 916 milhões de dólares em 1995.
“Claro que o faço”, respondeu Donald Trump, quando questionado sobre se evitou pagar impostos federais de forma legal após declarar perdas milionárias. O magnata nova-iorquino disse que paga “muitos impostos” estaduais e reiterou que “certamente utilizou” benefícios fiscais para evitar algumas contribuições.
Trump acusou os doadores de Clinton, como os empresários Warren Buffett, George Soros e outros, “que são ricos, mas não são famosos”, de evitarem impostos federais tal como ele fez, aproveitando regras fiscais, especialmente vantajosas para contribuintes ricos.
O jornal The New York Times divulgou, após o primeiro debate entre Trump e Clinton, a 26 de setembro, parte de uma declaração de impostos do magnata de 1995, em que declara perdas com as quais pôde evitar pagar impostos sobre os rendimentos durante 18 anos.
Estes benefícios fiscais são consequência das perdas financeiras nos anos 1990 devido a má gestão de três casinos em Atlantic City, um investimento falhado no negócio das transportadoras aéreas e a compra do hotel Plaza em Manhattan.
O magnata tem, até agora, negado divulgar a sua declaração de impostos, contrariamente ao que todos os candidatos à Presidência dos Estados Unidos da América fizeram nas últimas quatro décadas.