Olha-se a fotografia destas três mulheres com ar doce que fundaram o movimento Black Lives Matter (As Vidas Negras Importam) e custa crer que a sua inspiração seja os Panteras Negras, grupo terrorista dos anos 70. Mas não há como escrevê-lo de outra forma porque são elas próprias a afirmá-lo.
Quando se pergunta a Patrisse Cullors quem é o líder que a inspira, como perguntou a revista Cosmopolitain, ela não hesitou: Assata Shakur, ativista afro-americana e membro do extinto Panteras Negras. Alicia Garza diz que olha para a mãe quando olha para cima, mas também Opal Tometi tem como inspiração uma ativista pelos direitos dos negros: Denise Perry, diretora do BOLD (Black Organizing for Leadership & Dignity).
Patrisse Cullors é diretora de reinvestimento no Centro Ella Baker para os Direitos Humanos, em Oakland, na Califórnia. Há muito tempo que se interessa pelo impacto da atuação da polícia e as detenções junto das comunidades negras. “Vi membros da minha família a entrar e a sair da prisão, e assisti a muita violência por parte do Estado. Este movimento salvou a minha vida”, acredita. Patrisse identifica-se mais como uma organizadora do que como uma ativista, lembrando que o Black Lives Matter é uma “rede” mundial que já chegou ao Canadá e ao Gana.
Alicia Garza dirige os projetos especiais da Aliança Nacional de Trabalhadores Domésticos, onde se ocupa das questões de raça e justiça de género. “Dizer ‘as vidas negras importam’ restaura literal e figurativamente a dignidade das pessoas”, defende. “Para nós, #BlackLivesMatter é um projeto de re-humanização, uma maneira de nos amarmos uns aos outros novamente e de projetarmos esse amor ao mundo para que possamos transformá-lo.”
Opal Tometi é diretora-executiva na Aliança Negra para a Imigração Justa, a única organização nacional de direitos de imigrantes nos Estados Unidos para imigrantes negros e afro-americanos. O facto de ser filha de imigrantes nigerianos levou-a fazer este tipo de trabalho, mas foi o seu irmão mais novo, ainda adolescente, que a inspirou a envolver-se mais ativamente na causa. “Este movimento permite que as novas gerações se envolvam; veem-se como parte da mudança que é possível fazer no nosso país.”