A vacina contra o vírus da febre amarela, de tal forma eficaz que imuniza a pessoa com uma só dose, existe desde os anos 1930. Mas as autoridades sanitárias de Angola (uma das zonas de maior risco da doença no globo) deixaram que um surto eclodisse em dezembro passado. No último dia 11, o Ministério angolano da Saúde reportou 2 267 casos suspeitos de febre amarela e 293 mortes causadas pela doença. Foi o suficiente para a Organização Mundial de Saúde (OMS) convocar, oito dias depois, uma reunião de emergência para analisar o problema.
O surto angolano já atingiu cidadãos congoleses, quenianos e chineses, não imunizados, que foram infetados por picadas de um dos três mosquitos transmissores da febre amarela – o Aedes, o Haemagogus ou o Aedes aegypti, este também agente do vírus zika, e existente na Madeira. Embora considere o surto angolano “um problema grave que requer esforços intensos a nível nacional e internacional”, a OMS não o declarou uma emergência de saúde pública extra-fronteiras. Por agora.
Quem hoje viajar para Angola, tem obrigatoriamente de levar consigo o certificado internacional que comprova a sua vacinação contra a febre amarela, até dez dias antes da partida. Mas esse documento não é obrigatório para entrar no Brasil, apesar de, nessa circunstância, a imunização ser altamente aconselhável. O risco de contrair ali a doença é tão elevado que a vacinação contra a febre amarela faz parte do plano nacional brasileiro de imunização.
É uma patologia traiçoeira, a febre amarela. “A maior parte das pessoas infetadas não adquire a forma mais grave da doença”, diz o infecciologista Vítor Laerte Júnior, do Instituto de Higiene e Medicina Tropical. Ou ficam assintomáticas ou registam uma “febre baixa”. Se a doença evolui de maneira severa, a pessoa afetada apresenta febres altas, hemorragias, pigmentação amarelada da pele (à semelhança da iterícia) e pode chegar à fatal falência de órgãos.
Para surpresa dos médicos, surgiu há pouco tempo um caso de febre amarela no Estado brasileiro de S. Paulo. É um alerta para a Madeira, onde, como já se referiu, está presente o Aedes aegypti, também transmissor do vírus da febre amarela, além do zika.