“O cenário é de catástrofe total. Quase todas as infraestruturas vieram abaixo, as que não vieram têm danos, são raras as casas que ainda têm quatro paredes. Bairros e bairros devastados. Os postes de eletricidade todos em baixo. O entulho sobrepõe-se a qualquer coisa nas ruas de Tacloban”, disse Tiago Swart, um dos dois voluntários da AMI que chegaram a Leyte na quarta-feira.
Depois de terem identificado, na cidade de Tacloban, na ilha de Leyte, a mais afetada pela passagem do tufão, que a principal necessidade é “água potável e comida”, Tiago Swart e Sofia Costa saíram para a ilha vizinha de Siargao, onde se encontram a recolher mantimentos.
“Não existe comida, o que havia já foi disponibilizado às populações”, disse Tiago Swart, acrescentando que a equipa da AMI começou a identificar em Leyte as necessidades e parceiros com quem cooperar.
Os dois voluntários estão a ser apoiados por irmãs Madre Teresa que já possuem experiência em ações semelhantes e já sabem onde podem ir buscar os mantimentos necessários em Leyte.
“Amanhã [sexta-feira] esperamos já estar a caminho. Há três barcos por dia e vamos ver se conseguimos apanhar o último. A ilha de Leyte esteve inacessível até anteontem [terça-feira] por mar devido aos avisos de novos tufões, que fizeram com que os barcos não se efetuassem, e por terra, com as estradas que não estavam transitáveis”, adiantou Tiago Swart, acrescentando que o próprio aeroporto esteve inoperável, só com alguns aviões militares a conseguir aterrar.
Segundo o voluntário, das três ilhas vizinhas, a de Leyte foi a mais afetada pela passagem do tufão, pelo que os mantimentos estão disponíveis nas outras duas e, como são ilhas grandes, os alimentos são encontrados “senão numa cidade, numa outra, com mais ou menos dificuldade”.
“Agora vai começar a chegar a ajuda alimentar, depois o próximo passo será começar a tratar da higiene e cuidados médicos da população mas neste momento o que é importante e preciso é a alimentação”, sublinhou Tiago Swat.
As autoridades filipinas elevaram hoje para 2.357 o número oficial de mortos provocados pelo tufão Haiyan, que devastou o centro do país há seis dias.
O Conselho para a Gestão e Redução de Desastres das Filipinas, órgão que prossegue com o lento processo de contagem das vítimas, informou ainda, no seu mais recente relatório, do registo de um total de 3.853 feridos e de 77 desaparecidos.
As autoridades filipinas antecipam um aumento do número de mortos no dia de hoje, como consequência da chegada das equipas de resgate às zonas de difícil acesso, não descartando a possibilidade de o balanço final se aproximar do da ONU.
As Nações Unidas estimaram em dez mil o número de mortos na catástrofe, um valor colocado de parte, na noite de terça-feira, pelo Presidente filipino, Benigno Aquino, que calculou, em entrevista à CNN, que este se situe entre 2.000 e 2.500.
À luz dos dados oficiais disponibilizados até agora, o tufão Haiyan figura como a terceiro catástrofe natural mais mortífera da história das Filipinas, superada apenas pelo tsunami de 1975, que fez entre 5.000 e 8.000 mortos no sul da ilha de Mindanao, e pelas inundações provocadas, em 1991, pela tempestade “Thelma”, que matou 5.100 habitantes da cidade de Ormoc, na ilha de Leyte.
No total, o tufão Haiyan afetou um milhão de famílias — ou perto de oito milhões de pessoas – em mais de 50 cidades do país, de acordo com dados do Conselho.