VEJA TAMBÉM:
Shin Dong-Hyuk, ex-prisioneiro na Coreia do Norte, contou no passado dia 20, primeiro dia de trabalho da comissão da ONU que está no país a investigar as alegadas violações dos direitos humanos nos campos de detenção, como perdeu um dos dedos da mão: Com 22 anos, Dong-Hyuk deixou cair acidentalmente uma máquina de costura no escritório do gerente da fábrica onde trabalhava. O gerente disse-lhe apenas: “Mesmo que morras a máquina de costura não vai voltar. A tua mão é o problema”. Posto isto, o capataz pegou na mão direita do jovem e com uma faca de cozinha cortou-lhe o dedo médio, acima da primeira articulação.
Mesmo assim, Dong-Hyuk esperava pior: “Pensava que ele me ia cortar a mão toda, pelo pulso. Por isso, sinto-me grato”. O mesmo antigo prisioneiro conta também que chegou a tirar a pele a ratos para os comer.
Jee Heon-a, outro fugitivo, revelou à Comissão da ONU uma outra história, a que assistiu, impotente: uma mãe a ser obrigada a afogar o próprio filho numa bacia com água: “A mãe ainda implorou ao guarda para que poupasse o seu filho, mas como ele continuou a agredi-la, ela acabou por colocar o bebé de bruços na água, com as mãos a tremer. Quando o choro parou e uma bolha se levantou era à prova de que estava morto”.
Kang Chol-Hwan, autor do livro “Os Aquários de Pyongyang”, fala das várias execuções e recorda-se de que uma escavadora que preparava o terreno para sepultar os mortos trazia, muitas vezes, para a superfície, partes de outros corpos lá enterrados. “Alguns braços, pernas e pés rolavam à medida que a escavadora lá passava. Era terrível e um dos meus amigos chegou a vomitar”, relembra.
Kang Chol-Hwan explica também que nos campos de detenção tudo o que mexia era alimento, incluindo minhocas ou salamandras.
No campo de detenção designado pelo número “14”, uma menina de seis anos de idade foi encontrada pelo professor com cinco grãos de milho nos bolsos. Para castigar a criança, forçou-a a ajoelhar-se em frente aos colegas na sala de aula, e bateu-lhe na cabeça com um bastão de madeira repetidamente, conta outro antigo prisioneiro.