“Não vou declarar-me culpado ou não culpado (…) este tribunal não tem o direito de me julgar”, declarou Radovan Karadzic, de 63 anos, que se defende sozinho perante o TPI em Haia e pode ser condenado a prisão perpétua.
“Pronuncio portanto uma declaração de não culpado em seu lugar sobre as onze principais acusações” de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, reagiu o juiz britânico Iain Bonomy, conforme os procedimentos, antes de encerrar a audiência.
Segundo os estatutos do TPI, os juízes podem agora fixar as datas das audiências para preparação do processo de Karadzic, que só deverá começar daqui a alguns meses.
Radovan Karadzic compareceu, esta terça-feira, pela sétima vez perante o TPI desde que foi preso a 21 de Julho de 2008 em Belgrado após ter estado em fuga durante treze anos.
Karadzic, acusado pelo procurador de ser o “cérebro” da guerra da Bósnia, que causou 100.000 mortos e 2,2 milhões de deslocados entre 1992 e 1995, voltou a pôr em causa o direito do TPI o julgar.
“Hoje, contesto (esse direito) na base do meu acordo com a comunidade internacional, cujo representante na época era Richard Holbrooke”, declarou.
Após a sua detenção, Radovan Karadzic afirmou que conseguiu escapar durante 13 anos à justiça internacional graças a um acordo secreto com Holbrooke, negociador norte-americano dos acordos de Dayton que puseram fim a guerra da Bósnia em 1995.
Segundo Radovan Karadzic, o acordo previa que as acusações contra si seriam abandonadas se ele se retirasse da vida política e pública. Holbrooke sempre negou a existência de tal acordo.