Resistimos Juntos, um projeto sobre empresas que se reinventam em tempos de Covid-19
Quando Patrícia Portela assumiu a direção artística do Teatro Viriato, no início de março, teve exatamente duas semanas até ser obrigada a fechar portas. “Fomos apanhados por uma mudança muito maior do que nós, que obrigou a cancelar, adiar e adaptar espetáculos, num curto espaço de tempo”, conta.
A proclamação do estado de emergência pode ter levado ao encerramento do edifício do Largo Mouzinho de Albuquerque, em Viseu, mas não do teatro, porque, como frisa a nova diretora artística, “o mundo avança, temos de adaptar-nos à nova realidade. O palco está fechado, mas usaremos as janelas, os telefones, ou mesmo o mundo que, como dizia Shakespeare, é um palco”.
É com esta motivação que, desde março, a equipa liderada por Patrícia trabalha para levar a arte da representação ao maior número possível de pessoas. A primeira novidade foram os consultórios literários e turísticos, chamadas telefónicas, entre realidade e ficção, nas quais o ator fala diretamente ao espectador. Se nos primeiros os “pacientes” recebem sugestões de poemas, ideias e autores para curar os males que os atormentam, nos segundos são levados a viajar através do poder da imaginação.
“Quisemos dar a ver o mundo através da voz e do poder da palavra. Há palavras capazes de partir os vidros das janelas”, afirma Patrícia, explicando ainda que “viajar é encontrar amigos e o melhor meio de transporte para o fazer é um foguetão chamado telefone, que todos têm em casa. Tivemos senhoras velhinhas que instalaram o WhatsApp só para poderem dar estes passeios telefónicos com os netos”.
Além do telefone, o Teatro Viriato apostou ainda na rádio, com o podcast semanal Boca a Boca, e na abertura do SubPalco, uma sala de espetáculos no YouTube que inaugurou a programação a 25 de abril, com uma performance de Joana Craveiro. “O isolamento aguçou a criatividade e permitiu-nos encontrar soluções que talvez fossem já necessárias”, afirma Patrícia, assegurando, “continuaremos presentes nestas plataformas, mesmo depois da reabertura do edifício. Ocupar espaços não físicos que contribuam para aproximar mais pessoas ao teatro faz parte do serviço público que prestamos à comunidade”.
Apesar dos apoios de bancos, da Câmara Municipal de Viseu e da Direção-Geral das Artes continuarem assegurados em tempo de pandemia, Patrícia não esconde alguma preocupação. “Tento fazer jus ao lugar que me deram. Acredito que ser artista é um verbo, não uma condecoração e, se não puder cumprir os objetivos com as condições ideais, cumpri-los-ei com as condições possíveis.”
Outros projetos
Tanka Sapkota
Vendas solidárias
O proprietário e chefe dos restaurantes Come Prima, Forno d’Oro, Il Mercato e Casa Nepalesa decidiu doar 10% de um mês da faturação das suas entregas à Rede de Emergência Alimentar e às famílias da comunidade nepalesa em Portugal que se encontrem a passar por dificuldades. Com esta iniciativa, o empresário conta doar cerca de €4 000 a quem mais precisa de ajuda.
Vista Alegre
Pela nossa saúde
A Vista Alegre e a Bordallo Pinheiro pediram às famílias portuguesas, através de um concurso lançado nas redes sociais, que decorem três peças em cerâmica (uma moldura e uma caneca da Vista Alegre e uma sardinha da Bordallo Pinheiro), para que sejam depois produzidas e colocadas à venda em todas as lojas das marcas. A receita reverterá na totalidade para a aquisição de equipamentos destinados ao SNS.
Azul
Abastecer quem salva
A Azul, que presta serviços de abastecimento direto de combustível, decidiu oferecer os seus préstimos a unidades hospitalares do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa, durante três semanas. Os veículos de urgência e transporte de doentes serão, assim, abastecidos pelo serviço Azul no lugar onde mais necessitarem, evitando deslocações a postos de abastecimento.