As taxas Euribor têm dado sinais de que o período de descida terminou. Nos últimos três meses, as três principais referências utilizadas em Portugal (Euribor a 3, 6 e 12 meses) registaram ligeiras subidas (fonte: Euribor Rates). Esta tendência tem gerado alguma apreensão, mas importa esclarecer que uma subida da Euribor não se traduz de imediato num aumento das prestações da casa para todas as famílias.
A Euribor é a taxa de juro média do mercado interbancário europeu e serve de base à maioria dos créditos à habitação com taxa variável em Portugal. Ao valor da Euribor soma-se o spread definido pelo banco, determinando a taxa final aplicada ao empréstimo.
Na prática, a Euribor que afeta cada contrato é a do mês anterior à revisão da taxa. Assim, uma revisão em outubro só produz efeitos na prestação de novembro. No entanto, as famílias que viram os seus contratos revistos no presente mês não sofreram qualquer agravamento. Pelo contrário, como a taxa de referência anterior era mais elevada, as prestações continuaram a descer.
O impacto mais imediato recai, por isso, sobre quem está a contratar crédito agora. Estes novos contratos já são indexados às Euribor mais recentes, ligeiramente superiores às registadas durante o verão. Por exemplo, num crédito de 200.000 euros a 30 anos, associado à Euribor a 12 meses, com um spread de 0,7%, a TAN em setembro de 2024 (referência: Euribor de agosto) era de 2,814% e a prestação ficava em 823,28 euros. Já em outubro (referência: Euribor de setembro), a TAN subiu para 2,872%, aumentando a prestação para 829,46 euros, ou seja, mais 6,18 euros por mês. Estes cálculos podem ser facilmente simulados no Simulador de Crédito Habitação do Banco de Portugal, que permite avaliar o impacto de diferentes prazos, montantes e taxas de juro.
Esta evolução confirma as previsões de vários analistas de que, em 2025, a Euribor tenderá a estabilizar em níveis considerados neutros, próximos da taxa de inflação de referência de 2% definida pelo Banco Central Europeu. Para as famílias portuguesas, isto significa que a evolução da prestação não dependerá apenas das oscilações mensais da Euribor, mas também da modalidade escolhida no momento da contratação do crédito. As opções entre taxa variável, mista ou fixa continuam a ser decisivas para garantir maior estabilidade financeira no futuro.
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