O Governo escolheu o Campo de Tiro de Alcochete para construir o futuro aeroporto de Lisboa, seguindo a recomendação que tinha sido feita pela Comissão Técnica Independente, e decidiu que a nova infraestrutura aeroportuária se chamará Luís de Camões.
O anúncio foi feito esta terça-feira, 14, pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, após a reunião semanal de Conselho de Ministros. Na mesma ocasião, Montenegro garantiu que irá mandatar as Infraestruturas de Portugal para fazer os estudos para as obras da terceira travessia do Tejo e a ligação ferroviária entre Lisboa e Madrid em alta velocidade.
“O Governo assume a decisão de um aeroporto único como a solução mais adequada aos interesses do País. Alcochete garante margem de expansão física, acomodação da procura até ao triplo da atual, salvaguarda do crescimento do hub da TAP e o fomento de todo o sistema de transportes de Portugal”, afirmou Luís Montenegro.
Em simultâneo, o Governo irá manter os investimentos de ampliação e modernização no Aeroporto Humberto Delgado de forma a que esta infraestrutura possa acomodar o aumento do tráfego aéreo em Lisboa durante as obras em Alcochete.
Para Luís Montenegro “estas infraestruturas trarão mais comodidade aos portugueses e aos que visitam” e estimulam a “competitividade da nossa economia”, bem como o crescimento económico do País.
No relatório preliminar, a Comissão Técnica Independente admitia que se o aeroporto fosse construído em Alcochete, a primeira pista poderia entrar em funcionamento em 2030 e a segunda em 2031. “Tenho de dizer, com clareza, aos portugueses que não é possível”, assegurou o ministro das Infraestruturas Miguel Pinto Luz.
Segundo o governante, o prazo de construção de Alcochete nunca será menor do que dez anos, prevendo-se que entre em funcionamento em 2034.
Pinto Luz falou ainda sobre os custos da obra e admitiu que a verba estimada pela Comissão, da ordem dos 6,1 mil milhões de euros, era um valor “pouco realista”. Segundo alguns analistas, o custo mínimo do novo aeroporto nunca ficará abaixo dos 8 mil milhões de euros.
Sobre as vantagens da escolha de Alcochete sobre Vendas Novas, as duas principais opções apresentadas pela Comissão Técnica Independente, Miguel Pinto Luz justificou que “o novo aeroporto está inteiramente localizado em terrenos públicos, tem uma avaliação de impacto ambiental já feita, apresenta maior proximidade a Lisboa e maior proximidade às principais vias rodoviárias e ferroviárias”, razões que tinham sido apontadas no relatório da Comissão.
As reações não se fizeram esperar por parte dos partidos da oposição. Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, foi o primeiro a manifestar todo o apoio à escolha do Governo: “Há segurança e estabilidade para tomar esta decisão e podemos garantir que o PS nunca a colocará em causa. Nunca tivemos dúvidas que Alcochete era a melhor localização para o novo aeroporto”. Pedro Nuno Santos comprometeu-se ainda a dar todo o apoio para a construção da terceira travessia do Tejo que considera “fundamental e muito importante” e não apenas por causa do aeroporto, mas também para melhorar “as ligações do Norte ao Sul do País”.