É difícil encontrar um economista com uma experiência tão transversal. Carlos Tavares foi banqueiro, ministro da Economia no governo de Durão Barroso e presidente da CMVM durante provavelmente o período mais conturbado para a instituição. Hoje, é coordenador do Observatório de Políticas Económicas e Financeiras da SEDES, onde publica análises sobre a economia portuguesa. Com um livro publicado no final do ano passado (Um Caminho para Portugal, em coautoria com Sara Monteiro), a VISÃO entrevista-o acerca das reformas que considera mais urgentes para o País, dos impostos à Administração Pública.
A campanha eleitoral apresentou dois projetos económicos claros para Portugal: à direita, mais espaço aos privados e, à esquerda, um Estado mais interventivo. A discussão teve profundidade?
Foi útil haver dois programas. Mas penso que a interferência e escolha de vencedores não tem dado resultados notáveis, particularmente em países mais desenvolvidos, como é o nosso caso, e integrados na União Europeia (UE). Importa responsabilizar as empresas e a iniciativa privada por um novo modelo de crescimento económico de que precisamos. Apesar da satisfação que, por vezes, há com resultados recentes, a verdade é que ainda temos um rendimento per capita equivalente a 79% da média da UE. Se nos compararmos com países da nossa dimensão, como Dinamarca, Holanda, Áustria, estamos muito mais longe, na ordem dos 60%.