Pedro Soares dos Santos, na apresentação de resultados da Jerónimo Martins, esta quinta-feira, até começou por prometer contenção nas palavras porque estamos às portas das eleições, mas acabou por deixar claro os seus desejos para este domingo.
Na divulgação de resultados do grupo Martins, cujos lucros subiram 28% para 756 milhões de euros, no ano passado, o presidente do Conselho de Administração pediu coragem aos portugueses e perguntou se têm mesmo vontade de mudar o país em que vivem.
“Acho que cada um deve refletir se gosta ou não gosta daquilo que está a viver. Se as pessoas se revêm nesta sociedade e não querem mudar, tudo bem. Se não gostam, tenham coragem de assumir e lutar por essa diferença”. E deixou a pergunta: “Os governantes têm respondido às necessidade que temos em Portugal? O país tem crescido?”
“O que eu sei é que os portugueses têm menos dinheiro disponível”, atirou ainda.
“Sem boa gestão, não há resultados. A gestão e a fraca qualidade dos nossos políticos faz-me pensar se não devíamos mudar”, repetiu ainda quando questionado sobre o que espera da próxima ida às urnas.
Pedro Soares dos Santos aproveitou para lembrar que a empresa pagou, nos últimos 5 anos, mais de mil milhões de euros em prémios aos seus trabalhadores, tendo aumentado anualmente salários “a todos os trabalhadores”, rejeitando também mais responsabilidade dos privados no caminho dos aumentos de salários. “Não sei o que chama de salários dignos, mas isto é o que temos feito na Jerónimo Martins”, referiu em resposta a uma das perguntas dos jornalistas, em conferência de imprensa na sede da retalhista, em Lisboa.
Já durante a apresentação da informação financeira, a CFO da empresa, Ana Luísa Virgínia, salientava que a Jerónimo Martins pagou “mais impostos do que os resultados líquidos” e “investiu muito mais do que os resultados líquidos”, justificando a necessidade de continuar a garantir lucros sólidos e elevados.
“Isto significa que se não houver este tipo de resultados, não há investimento desta dimensão”, adiantou ainda, numa espécie de justificação sobre o facto de a Jerónimo Martins ter sustentado o resultado líquido em volume e em margens.
A cotada está a ser penalizada na bolsa, esta manhã, com as perspectivas mais conservadoras para a atividade na Polónia em 2024 a pesar no sentimento dos investidores.