Em declarações aos jornalistas durante a manifestação da CGTP, em Lisboa, Mariana Mortágua criticou o executivo socialista por assumir “uma posição de subserviência” perante a presidente do BCE, Christine Lagarde, que “do alto das suas folhas de Excel” e do “seu trono de privilégio”, diz “a quem trabalha que o seu destino é empobrecer simplesmente porque não querem dizer aos bancos que têm que assumir uma parte do custo ou dizer às empresas que estão a lucrar com a inflação”.
“Desafiamos o Governo a transferir para os bancos e obrigar os bancos a suportar uma parte do custo do aumento das prestações ao crédito e a limitar as rendas para que o salário em Portugal possa pagar uma renda e uma prestação ao banco”, disse, rejeitando assim “as determinações do BCE e a arrogância da presidente do BCE”.
Na opinião de Mortágua, o Governo liderado por António Costa “tem nas suas mãos o poder de poder determinar que a banca assuma o custo que está neste momento a passar para as pessoas na prestação ao crédito”, aliviando os portugueses deste aumento dos juros que “está a castigar quem tem o crédito e não consegue pagar a sua prestação”.
“A senhora Lagarde nunca conheceu outra coisa na vida a não ser privilégio. Era presidente do FMI quando disse aos portugueses que tinham que empobrecer. Portugal empobreceu quando Lagarde era presidente do FMI”, condenou.
A líder do BE continuou as críticas a Lagarde por, fechada “num palácio em Sintra e com vista para um campo de golfe”, dizer “aos portugueses que trabalham e que, com o seu salário não pagam a conta do supermercado ou a sua casa, que têm de empobrecer”.
“Esperamos ainda a resposta do senhor presidente da Assembleia da República para dizer se fez ou não fez o convite a Lagarde para vir ao parlamento português”, disse ainda, referindo-se à carta que o BE enviou a Santos Silva a pedir que convidasse Lagarde a ir ao parlamento discutir a situação da habitação.
Para Mariana Mortágua, “o Governo é subserviente quer aos interesses da banca quer à tecnocracia europeia”, criticando o facto de o executivo não ter confrontado Lagarde com o aumento dos juros.
Na abertura do Fórum do Banco Central (BCE), na terça-feira, Christine Lagarde disse que a natureza da inflação na zona euro está a mudar e é improvável que, no futuro próximo, o banco central possa declarar que as taxas diretoras máximas foram atingidas.
Hoje, numa audição no parlamento, o ministro das Finanças, Fernando Medina, adiantou ter transmitido à presidente do BCE as apreensões sobre o impacto da subida das taxas de juro dado a estrutura de crédito existente em Portugal.
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