Outubro de 1984. A economia portuguesa estava mergulhada numa crise profunda, com empresas a falir, o desemprego a bater recordes, a miséria a aumentar e o FMI (Fundo Monetário Internacional) a cumprir o segundo resgate ao País, desde o 25 de Abril. Mário Soares, então primeiro-ministro, decide fazer alterações cirúrgicas no governo do Bloco Central e vai buscar sangue novo para o Ministério do Comércio Interno. Para secretário de Estado falam-lhe em Agostinho Abade – licenciado em Finanças e administrador de empresas privadas. “Como não tinha feito o serviço militar, aceitei…”, diz o empresário com a missão de ajudar a reduzir a taxa de inflação, que chegou a atingir os 32,16% e, num ano, foi reduzida para 16,2%.
O segredo? Informação atualizada e ação rápida. “Isto diariamente”, recorda o antigo secretário de Estado do Comércio Interno. “Nunca fiz um trabalho tão eficaz na minha vida. Todos dias, chegava [ao ministério] e o meu trabalho era ouvir: reunia-me com as equipas e depois com os outros secretários de Estado, para lhes passar a informação.” (Ver entrevista.)