Em apenas sete anos, os investimentos feitos em ativos que respeitam a sustentabilidade ambiental, com responsabilidade social e com boas práticas de gestão, denominados ESG, do inglês Environmental, Social and Corporate Governance, passaram de 12% para 42% das aplicações totais feitas pelos investidores em todo o mundo.
No relatório, da Allianz Global Investment, agora divulgado, existem atualmente 32 biliões de euros em ativos sob gestão feitos em empresas que respeitam os critérios ESG.
“Em vez de desviar a atenção dos investimentos sustentáveis, a pandemia acelerou esta mudança. Os investidores estão cada vez mais convencidos que as políticas de sustentabilidade das empresas ajudam a melhorar o negócio e a reduzir o risco”, refere o relatório.
Os três critérios ESG possibilitam verificar como uma empresa se comporta ao nível social e ambiental, nomeadamente na sua relação com os problemas ambientais, como o tratamento de resíduos, a utilização de recursos sustentáveis, as alterações climáticas, o relacionamento com os colaboradores, o recurso a fornecedores que respeitem as mesmas regras e o uso de critérios de gestão e políticas empresariais que promovam boas práticas de remunerações, direitos e estratégia tributária.
A Allianz GI admite que este tipo de investimento vai crescer cada vez mais após a pandemia. “À medida que avançamos para o final do segundo semestre de 2021, verificamos que o investimento sustentável continua a fortalecer-se. E os fatores ESG serão críticos para avaliar os riscos dos negócios numa fase pós pandemia e para identificar novas oportunidades”, alerta.
Neste cenário de pós pandemia, os governos estão a apostar numa estratégia de “reconstruir melhor” com foco em áreas com as infraestruturas amigas do ambiente e na redução das desigualdades sociais. A grande maioria dos apoios do Estado para apoiar as economias estarão centradas nestas matérias e com investimentos de muito longo prazo, o que torna os ativos ESG ainda mais atrativos para os investidores.
Crescimento a vários ritmos
Após a desaceleração económica do ano passado, a economia global já está a crescer, mas a velocidades muito diferentes. Enquanto a China já goza da maior recuperação após a pandemia, com um crescimento de 18,3% no final do primeiro trimestre deste ano, face a igual período do ano passado, a União Europeia ainda se debate com uma recuperação anémica. “Alguns dos Estados membros ainda lutam para controlar a transmissão do vírus e para vacinar totalmente a população. Pode demorar algum tempo até que a Europa consiga recuperar totalmente, mas, em contrapartida, as ações europeias estão com preços muito baixos. Pode ser uma boa altura para que os investidores optarem por fazer investimentos em ativos europeus”, sugere o estudo da Allianz GI.
A economia dos EUA, por sua vez, já está a registar a maior recuperação desde a pandemia “devido ao seu plano de vacinas e aos vários pacotes de estímulos”. Algumas previsões apontam para que a economia norte-americana possa crescer 6% no final deste ano. “As ações dos EUA, apesar de muito caras, continuam a ter uma forte valorização desde que o mercado atingiu os seus mínimos no início de 2020”, refere.
Com o aumento da população vacinada no Reino Unido e com uma maior abertura das fronteiras, a economia continuará a trajetória ascendente suportada, também pelo aumento previsto do consumo privado. A Allianz GI admite que as políticas fiscais de apoio ao poder de compra deverão manter-se ativas num período pós pandemia, esmo quando as medidas de estímulo à economia comecem a ser reduzidas.
A recuperação da economia mundial e o dólar em baixa são condições favoráveis para a recuperação da grande maioria dos países emergentes, mas os efeitos da pandemia ainda poderão travar um potencial crescimento em 2021. Os bancos centrais da Turquia, Japão e Brasil já começaram a subir as taxas de juro de forma a atenuar as expectativas de aumento da inflação.
No relatório, a Allianz GI admite que a subida da inflação em vários pontos do globo, em virtude do aumento dos preços dos combustíveis e das matérias-primas, pode ser um dos principais fatores de risco ao longo deste ano.