O objetivo é que em 2050, o mais tardar, “cada litro de combustível líquido para transporte poderá ser neutro em termos climáticos, permitindo assim a descarbonização do transporte aéreo, marítimo e rodoviário”, refere o documento elaborado pela FuelsEurope “Combustíveis limpos para todos”.
A indústria de refinação da UE diz-se preparada para arrancar, referindo que esta via exigirá um investimento estimado de 30 a 40 mil milhões de euros nos próximos dez anos para a criação de várias unidades de produção de biocombustíveis e de e-combustíveis, que poderiam produzir até 30 MToe (toneladas ao ano equivalentes ao petróleo) no mesmo período, com as primeiras unidades de biomass-to-liquid e de e-combustíveis a começarem a operar o mais tardar em 2025.
As reduções intermédias de CO2, de 100 milhões de toneladas (Mt), são alcançáveis até 2035, segundo a FuelsEurope.
Para o diretor-geral da associação que representa a indústria de refinação da União Europeia e que integra a portuguesa Apetro — Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas, John Cooper foi estabelecida “uma via ambiciosa para permitir que o transporte contribua para a ambicionada neutralidade climática da UE até 2050, com base na expansão do fornecimento e utilização de combustíveis líquidos com baixo teor de carbono, em vários setores dos transportes”.
“Com uma base social e científica clara, de forma a permitir uma ação climática abrangente, e tendo em consideração os impactos económicos e sociais da crise do coronavírus, consideramos que as indústrias de combustíveis não voltarão a trabalhar como até aqui”, refere.
Com o foco cada vez mais voltado para a recuperação e para novos investimentos, a indústria de refinação acredita que é chegada a hora de iniciar a discussão com os decisores políticos da UE e nacionais, e os representantes dos consumidores, de forma a conceber o quadro legislativo que permita a implantação de combustíveis “essenciais de baixo carbono”.
Os combustíveis líquidos de baixo carbono têm um papel estratégico a desempenhar na transição para uma economia neutra em termos climáticos até 2050, em particular em setores como a aviação e o transporte marítimo e pesado, onde atualmente não existem alternativas tecnológicas equivalentes, referem.
Estes combustíveis líquidos de baixo carbono são combustíveis sustentáveis, de origem não petrolífera, com nenhuma ou muito limitada emissão de CO2, durante a sua produção e utilização.
Misturados inicialmente com combustíveis convencionais, estes combustíveis de baixo carbono substituirão progressivamente os combustíveis fósseis, explicam.
“Os combustíveis líquidos de baixo carbono serão essenciais durante a transição energética e para além de 2050, garantindo a segurança do abastecimento, fornecendo uma opção ao consumidor e permitindo também a liderança industrial da Europa”, refere ainda John Cooper.
A FuelsEurope está a delinear um conjunto de princípios políticos, que considera “essenciais” para alcançar a ambicionada neutralidade climática da indústria, princípios esses que serão o ponto de partida para as discussões com os decisores políticos, parceiros da cadeia de valor e grupos de consumidores.
ICO // JNM