O aprendiz de serralheiro Adam Opel teria ficado abismado com a grande operação milionária que, esta semana, envolveu a sua marca. Em 1862 fundou uma fábrica de máquinas de costura e, mais tarde, tornar-se-ia fabricante de bicicletas. Mas morreu sem ver a Opel a produzir automóveis.
Ora, justamente a Opel, que produz automóveis como os populares Corsa ou Astra, é a cereja no topo de uma operação que acabou por formar o segundo maior grupo automóvel da Europa (depois do grupo Volkswagen, com sede na Alemanha).
O grupo francês PSA, das marcas Peugeot e Citroën, liderado pelo português Carlos Tavares, comprou a Opel e a Vauxhall à americana General Motors, ficando assim com uma quota de 17% do mercado europeu. Juntas, estas marcas faturaram, em 2016, 17,7 mil milhões de euros.
O que foi agora anunciado é que o PSA comprará a Opel e a Vauxhall à General Motors por 1,3 mil milhões de euros, incluindo no negócio mais 900 milhões de euros pela operações financeiras da GM.
A PSA passará, assim, a ter 28 fábricas na Europa e os receios de redução de postos de trabalho, descontinuamento de marcas não rentáveis e mesmo fecho de unidades fabris são muitos, embora Carlos Tavares tenha tentado serenar os ânimos.
“Não precisamos de fechar fábricas. Precisamos de acreditar no talento das pessoas”, disse em conferência de imprensa. A questão é que a subsidiária da GM que o PSA agora compra é deficitária e tem somado prejuízos ao longo dos anos.
Carlos Tavares, que continuará a liderar o grupo acredita que, em três anos, conseguirá dar a volta aos resultados da Opel/Vauxhall. A Opel, que no início do século XX já era a maior empresa automóvel da Alemanha, tem estado nas mãos dos americanos da GM desde 1929.
Já o grupo PSA, que além da Peugeot e Citroën é ainda dono da marca DS, tem uma das suas fábricas localizada em Portugal, no concelho de Mangualde, onde emprega mais de 700 pessoas. O seu diretor, José Maria Castro Covelo, mostra-se otimista com a fusão.
“O acordo entre o Grupo PSA e a Opel, para além dos projetos comuns que já têm vindo a realizar, dá-nos a possibilidade de desenvolver inúmeras sinergias e permite-nos sermos mais eficientes. Na fábrica de Mangualde trabalharemos com esse espírito de colaboração e melhoria, para continuarmos a ser distinguidos pela nossa eficiência no dispositivo industrial das duas empresas que agora se unem”, referiu em comunicado.
Recentemente, a PSA de Mangualde teve boas notícias com a produção de um novo modelo, que permitirá criar uma terceira equipa de trabalhadores em 2019, abrangendo entre 250 a 300 pessoas.
“As primeiras expectativas para o carro novo (denominado K9) são de aumentar a produção até aos 75 mil carros, o que nos obriga a montar uma terceira equipa (de trabalhadores), que é o que todos esperamos”, afirmou, em fevereiro, José Maria Castro Covelo, em declarações à agência Lusa.