Do grupo de investidores institucionais do Millenniun BCP, só o consórcio chinês Fosun – que em Portugal já controla a seguradora Fidelidade e o grupo Luz Saúde – reforçou a sua posição no aumento de capital do banco. Pode agora nomear cinco administradores para o conselho de administração do banco.
A petrolífera angolana Sonangol – agora liderada por Isabel dos Santos – manteve a segunda posição, com os seus 15%.Também a EDP e a holding luso-angolana Interoceânico acompanharam o aumento de capital, mantendo as suas posições (2,1 e 1,7%, respetivamente) na estrutura acionista do capital.
Para garantir o sucesso deste aumento de capital em 1,33 mil milhões de euros, a administração do BCP fez uma ronda por alguns grupos empresariais portugueses, mas não se sabe ainda se houve entradas de novos grupos, com posições qualificadas, para a nova estrutura acionista. Se houver, terá de ser comunicada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) no final da próxima semana.
O grupo empresarial chinês tornou-se o primeiro acionista do banco fundado por Jardim Gonçalves, depois de em novembro passado, ter feito um investimento de 175 milhões de euros, assumindo logo 16,7 % do capital. Até então, a petrolífera do estado angolano, Sonangol, que era de longe a maior acionista, com 18% do capital, viu a sua posição relativa baixar para pouco menos de 15%.
Também nessa altura, o segundo maior acionista, o banco espanhol Sabadell, vendeu 5% do capital do BCP, deixando de ter qualquer posição qualificada.
Reorganização estrutura acionista
A reorganização da estrutura acionista do BCP pode não acabar por aqui, uma vez que os dois maiores acionistas, Fosun e Sonangol, têm já autorização do BCE para chegar aos 30% do banco, o que aponta para um alinhamento de objetivos quanto ao futuro da instituição. A VISÃO sabe que houve negociações prévias entre a Sonangol – dirigida agora por Isabel dos Santos – e os chineses da Fosun, para que se chegasse a um certo entendimento, mas a companhia angolana, ela também a atravessar uma profunda reestruturação, está a braços com algumas dificuldades de liquidez e até de financiamento. Para já, decidiu usar todos os seus direitos, disponibilizando cerca de 200 milhões de euros na compra de ações, para manter a sua posição.
Este aumento de capital deixou a administração do BCP – liderada por Nuno Amado – satisfeita, uma vez que a procura excedeu 14,3 vezes a quantidade de ações disponíveis, de acordo com o comunicado emitido ao fim da tarde pela CMVM.
O BCP irá agora pagar ao Estado 700 milhões de euros, a tranche restante referente ao empréstimo de três mil milhões de euros contraídos em 2012.