O Deutsche Bank (DB) está a preparar o encerramento de um quarto dos 55 balcões existentes em Portugal, em linha com a reestruturação que o gigante bancário está a levar a cabo na Alemanha. De acordo com Bernardo Meyrelles, presidente da sucursal portuguesa do DB, alguns dos balcões a encerrar em Lisboa e Porto – onde se concentra a maioria (cerca de 40) – serão reabertos como centros de investimento, “de maior dimensão e mais bem preparados para chegar ao segmento dos clientes particulares”, nomeadamente com produtos mais competitivos em áreas como o crédito à habitação. “A nossa intenção é a de diminuir o número de balcões sem reduzir a presença em Portugal”, disse.
Este plano de encerramento, que no total deverá atingir 14 a 15 balcões, maioritariamente em Lisboa e Porto, levará a uma redução do pessoal que Bernardo Meyrelles não quis quantificar durante a conversa com a VISÃO. Disse apenas que os cortes “não deverão chegar a 10%” do total de 400 funcionários que o banco emprega em Portugal.
O presidente da sucursal portuguesa enquadrou este plano “na reestruturação do Deutsche Bank a nível internacional” e que, na Alemanha, passa igualmente pelo encerramento de um quarto dos seus cerca de 800 balcões. “Num momento em que um terço das receitas da banca em geral está sob pressão, há que reinventar um novo modelo de negócio”, esclareceu. Para já, as mudanças passam pela diminuição da presença física do banco em muitos dos cerca de 70 países onde está presente, considerada desnecessária na era da Internet e da banca digital.
A pressão bolsista que, nos últimos dias, tem castigado as ações do Deutsche Bank (ver Será o Deutsche Bank demasiado grande para falir?) foi explicada com o “empolamento mediático” à volta da multa de €12,4 mil milhões aplicada pelo Departamento norte-americano de Justiça. Recordando que “o processo em curso nos EUA era conhecido”, Meyrelles adiantou que o DB provisionou, no seu balanço, um valor de €5 mil milhões que equivale a 30% da sanção anunciada em Washington – e que o banco alemão vai agora tentar renegociar em baixa. “Acho que está a haver algum empolamento dos dois lados do Atlântico”, adiantou ainda o gestor, numa alusão a uma eventual medida de retaliação dos norte-americanos face à recente condenação da Apple pela Comissão Europeia.
O mesmo responsável garantiu ainda que não há razões para recear pela saúde financeira do gigante da banca alemã, já que os seus rácios financeiros “são hoje duas vezes melhores do que eram em 2008.”