Foram as grandes atrações do Euro2024 e, na final frente à Inglaterra, encerraram a “brincadeira” com a justiça poética que mereceram desde o primeiro dia de prova. No recreio em que transformaram os relvados da Alemanha, os jovens Nico Williams e Lamine Yamal, 21 e 17 anos respetivamente, mandaram sempre na bola e voltaram a fazê-lo no jogo decisivo, com uma segunda parte fulgurante, de velocidade e criatividade, como se jogassem contra os colegas de escola e não frente à seleção mais valiosa da competição. 2-1 foi o resultado final, fixado a quatro minutos dos 90.
Depois de uma primeira metade sem história, com o único remate na direção das balizas a surgir já em tempo de compensação – “culpa” do inglês Phil Foden -, a Espanha regressou a todo o gás dos balneários, com os endiabrados Nico e Lamine a espalharem classe e vertigem. Após o golo inaugural, um minuto a seguir ao recomeço do jogo, numa assistência precisa do mais novo para o mais velho, finalizada com êxito ao primeiro toque, os espanhóis continuaram a carregar. De repente, os espaços que não se viram nos 45 minutos iniciais apareciam por todo o lado. Dani Olmo, outro rebelde da bola no pé, Morata e o próprio Nico, o MVP da final, estiveram perto do 2-0.
Só ao fim de 15 minutos a Inglaterra aliviou o sufoco, com as substituições operadas por Gareth Southgate. O selecionador britânico foi feliz em várias alterações efetuadas ao longo do torneio e a história repetiu-se na final. Três minutos depois de lançar Cole Palmer em campo, o esquerdino do Chelsea igualou a partida, com um excelente remate de fora da grande área (a bola ainda sofreu um ligeiro desvio em Zubimendi), a culminar uma transição ofensiva rápida pelo lado direito, que envolveu Bukayo Saka e Jude Bellingham. Este também já tinha ameaçado uns instantes antes, no primeiro sinal de reação após o golo espanhol.
Demorou pouco o fulgor inglês, ainda assim. A seleção Roja voltaria a tomar conta do jogo, com Jordan Pickford a negar o golo a Lamine Yamal, ao minuto 82, num grande lance pelo eixo central protagonizado por Olmo e Nico. O guarda-redes inglês já não conseguiria desviar, quatro minutos volvidos, o remate certeiro do suplente Oyarzabal (tinha entrado para o lugar de Morata), na sequência de um cruzamento perfeito de Cucurella, que, para surpresa de muitos, roubou a titularidade de Grimaldo ao longo de todo o Europeu.
Até ao apito final, a Inglaterra ainda teria uma soberana oportunidade para tornar a igualar, mas Dani Olmo salvou o empate em cima da linha de baliza, e o troféu vai mesmo para Espanha, agora o único país tetracampeão europeu de futebol. Já a Inglaterra perdeu a segunda final consecutiva e continua sem o título europeu no palmarés.