“Andei dois dias com a cabeça baixa a olhar para o símbolo, porque temos de perceber o clube que representamos e a exigência que há aqui. Temos de olhar para aquilo que não fizemos. São jogos que me deixam mossa, sem dormir e com dificuldades para ficar bem-disposto. Transmito isso ao grupo”, admitiu o técnico, em conferência de imprensa.
Os ‘dragões’ vão voltar à ação no Grupo H da principal prova europeia de clubes, quatro dias depois de terem quebrado o melhor ciclo de resultados esta temporada, com quatro vitórias seguidas, ao perderem com o Estoril Praia (0-1), na 10.ª jornada do campeonato.
“São situações vividas dentro do balneário, mas que se vão atenuando com o passar das horas e com o trabalho de preparação para o próximo jogo. Custam, porque não se sabe qual é o jogo decisivo para se perder o campeonato, que é o principal objetivo. Jogando muitíssimo bem, menos bem ou mal, não podemos perder pontos desta forma”, advertiu.
O conjunto de Sérgio Conceição manteve-se no terceiro lugar, mas alargou as distâncias de seis pontos para o líder isolado Sporting e de três face ao campeão nacional Benfica, segundo classificado, uma semana antes do dérbi lisboeta entre ‘águias’ e leões’ na Luz.
O jogo com o Estoril Praia arrancou logo com uma grande penalidade desperdiçada pelo iraniano Mehdi Taremi e agudizou as dificuldades de finalização do FC Porto, que tem apenas o nono melhor ataque do campeonato, com 13 golos marcados, em 10 jornadas.
“Eu tive um episódio como treinador da Académica em que [a situação] estava difícil. Os treinos eram fantásticos e havia uma grande disponibilidade e mobilidade nos exercícios com bola, mas isso não acontecia nos jogos. Os atletas tremiam um pouco e escondiam-se do jogo. Pensei que estava a fazer algo de errado nos treinos e, então, fiz o contrário. Durante dois ou três dias, levei as bolas para o treino, mas nem tocavam nela. No fim de semana seguinte, ganhámos [o desafio] por 3-1 ou 4-1. Setenta por cento dos exercícios que fazemos têm baliza e finalização. Se calhar, vamos fazer o contrário”, partilhou Sérgio Conceição.
A goleada em Antuérpia (4-1), da terceira ronda da Liga dos Campeões, foi a vitória mais folgada da época ‘azul e branca’ e “serve de referência” para o jogo de terça-feira, com o treinador a admitir que “acontecerão momentos semelhantes” aos da partida na Bélgica.
“Cabe-nos levar o jogo para onde queremos e ganhar. Finalização? É um momento. Em Antuérpia, houve duas ou três chances claras na primeira parte, mas não as marcámos. Depois, nas quatro que tivemos no segundo tempo, fizemos golos e poderíamos ter feito mais um ou outro. Há que perceber que estamos a concretizar pouco para aquilo que se cria. É o primeiro passo para que os golos e as vitórias mais claras apareçam”, apontou.
Zaidu voltou a treinar sem limitações quase dois meses depois e saiu do boletim clínico, mas Samuel Portugal, Iván Marcano, Wendell, Iván Jaime, Galeno e Gabriel Veron vão continuar a desfalcar as opções de Sérgio Conceição, que descartou pensar na visita ao Vitória de Guimarães, da próxima ronda do campeonato, antes de defrontar o Antuérpia.
“O jogo de amanhã [terça-feira] é extremamente importante para nós e para aquilo que queremos, que são três pontos que nos possam deixar mais perto do objetivo de passar aos ‘oitavos’ da ‘Champions’. Temos noção, mas não temos preocupação”, assegurou.
Os ‘azuis e brancos’ medem forças com o Antuérpia na terça-feira, a partir das 20:00, no Estádio do Dragão, no Porto, para a quarta jornada do Grupo H da Liga dos Campeões, algumas horas depois do duelo entre Shakhtar Donetsk e FC Barcelona, em Hamburgo.
Vencedor da prova em 1986/87 e 2003/04, o FC Porto está no segundo lugar da ‘poule’, com seis pontos, contra nove dos espanhóis, que seguem na liderança isolada, enquanto os ucranianos ocupam a terceira posição, com três, e o Antuérpia é último, ainda sem pontos.
RYTF // MO