Os Estados Unidos da América não fecham a porta à presença de atletas russos e bielorrussos nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. Depois de o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky ter apelado ao Comité Olímpico Internacional (COI) para proibir a participação da Rússia e da Bielorrússia, Karine Jean-Pierre, porta-voz da Casa Branca, veio declarar que, da parte dos EUA, existe uma possibilidade de apoiarem a presença destes atletas. Isso acontecerá se competirem sem qualquer símbolo que os associe aos respetivos países, o que passa por renunciarem à bandeira, às cores e ao hino.
Esta posição, que no fundo admite a presença dos atletas desde que se mantenham neutros relativamente à nacionalidade, traduz, na prática, a indicação já transmitida pelo COI, que gerou forte indignação na Ucrânia e não só, face à invasão russa, prestes a completar um ano, com envolvimento bielorrusso.
No final de janeiro, o COI tinha anunciado que “nenhum atleta deve ser impedido de competir só por causa do passaporte”, sob pena de isso ser interpretado como um ato de discriminação. Sendo assim, o COI definiu “condições estritas” para viabilizar a participação de atletas russos e bielorrussos em todas as competições internacionais, tais como a aceitação do estatuto de “atletas neutros”, que “de forma alguma representem os seus países ou organizações nacionais”, e o “total respeito pela Carta Olímpica”, nomeadamente em dois pontos: não terem manifestado qualquer apoio à guerra na Ucrânia e não terem falhado as regras do código de conduta antidoping mundial.
No resto, as sanções já aplicadas à Rússia e à Bielorrússia são para manter, se a paz não for entretanto alcançada: nada de competições internacionais organizadas nos dois países; nada de bandeiras, hinos, cores ou outras identificações no local das competições; e nada de convites a representantes russos e bielorrussos para provas internacionais.
É escasso, na opinião de Zelensky, que pede um boicote total a russos e bielorrussos. “Não há neutralidade possível com uma guerra destas a acontecer”, diz. “É óbvio que qualquer bandeira neutra de ateltas russos está manchada de sangue.”
Solidários com a Ucrânia, os três países bálticos, Estónia, Lituânia e Letónia, assim como a vizinha Polónia, já assumiram posições idênticas, ao contrário dos EUA. A ano e meio dos Jogos Olímpicos de Paris, a administração de Joe Biden suporta todas as restantes sanções adotadas, mas alinha com o COI na possibilidade de deixar os atletas russos e bielorrussos participarem. Em nome do espírito desportivo.