Chamam-lhe “A Corrida Mais Perigosa do Mundo”, mas também a “A Corrida da Morte”. O TT – Tourist Trophy é uma competição de motos de grande potência – também inclui side cars – que se realiza desde 1907 na Ilha de Man, situada entre a Grã-Bretanha e a Irlanda que, embora autónoma, está sob as ordens da Coroa Britânica.
Esta pequena localidade de 88 mil habitantes entra em alvoroço durante duas semanas com a chegada dos pilotos e as várias provas. Não há um circuito fechado, as corridas são feitas nas ruas, num percurso de 60 km delineado pela organização que tem 256 curvas e onde se atingem velocidades superiores a 300 km/h. Na primeira semana chegam também os adeptos, cerca de 40 mil todos os anos, muitos deles com as suas motas. A cidade pára.
Aliás, na segunda semana as escolas estão fechadas e no dia da última corrida, a TT Senior (a mais importante) é feriado.
Na prova deste ano, que começou a 24 de maio e termina esta sexta-feira, 9, já morreram três pilotos. Um na terça-feira, 6, Davey Lambert, de 48 anos, na sequência dos ferimentos causados por um acidente no dia anterior, e dois (Jochem van den Hoek, de 28 anos, Alan Bonner, de 33) ontem, dia 7.
Quase todos os anos é assim. Desde que começou, no início do séc. XX, morreram 146 motociclistas durante as provas.
O circuito, que percorre boa parte da ilha, é um misto de estradas de montanha, passagens por pequenas aldeias com retas intermináveis – o recorde de velocidade está nos 341km/h e a melhor média nos 211km/h – e a necessidade de muita perícia para evitar alguns obstáculos que as zonas urbanas têm, como pisos desnivelados, passeios, muros ou mesmo postes de eletricidade.
A velocidade vertiginosa e o perigo faz desta uma competição aventureira e um desafio que os pilotos querem encarar de frente.
Devido às críticas a prova deixou, em 1976, de contar para o Campeonato do Mundo, mas o “mito” manteve-se. Apesar de ter poucos participantes durante vários anos, foi sobrevivendo até que, em 2007, na corrida centenária e quando todos achavam que seria a última vez, surge Paul Phillips, um financeiro de 38 anos, que pega nos destinos da organização e traz da volta a emoção aos fãs.
“Esta é a corrida mais perigosa do mundo. Estes tipos são os gladiadores”, disse Phillips ao The New York Times.
Acidente de Connor Cummins, em 2010. O piloto teve múltiplas fraturas e esteve dois meses no hospital. Não voltou a correr, mas não deixou de ser espectador do TT. É um dos vídeos da corrida mais vistos de sempre