Joseph Schooling – O único a derrotar Phelps no Rio
Em Singapura, onde nasceu há 21 anos, Joseph Schooling começou a estudar numa escola inglesa e, mais tarde, terminou o ensino secundário nos Estados Unidos. Fala, por isso, um inglês fluente até porque, também a partir dos nove anos, começou a praticar natação, treinado por técnicos australianos. E quem era o seu maior ídolo nessa altura? Precisamente Michael Phelps, o homem que derrotou na sexta-feira, 12, nos 100 metros mariposa, para surpresa geral.
Mas recuemos, entretanto, oito anos no tempo, quando Joseph Schooling soube que Michael Phelps estava em Singapura, em estágio para os Jogos Olímpicos de Pequim 2008, onde se preparava para cumprir a sua promessa de ganhar oito medalhas de ouro. O que fez então o jovem Schooling? Foi ao local do estágio pedir para tirar uma foto com o seu ídolo. Oito anos depois, no Rio, Schooling ao fazer 50.39 segundos bateu o recorde olímpico que Phelps tinha estabelecido em Pequim.
“Eu queria ser como Michael”, contou Schooling aos jornalistas, ao recordar esse episódio. “Se não fosse ele, acho que nunca teria chegado até aqui, a ganhar esta medalha. Michael Phelps foi a razão porque eu quis ser nadador”.
Com esta vitória, Joseph Schooling tornou-se o primeiro campeão olímpico de Singapura, uma nação de 5 milhões de habitantes, em escassos 719 quilómetros quadrados. E aproveitou para lançar um aviso ao mundo: “Mesmo as pessoas dos países mais pequenos podem fazer coisas extraordinárias”. Como derrotar o “invencível” Michael Phelps na última prova individual da sua carreira.
Michael Phelps dividiu o lugar no pódium da medalha de prata com Chad le Clos e Laszlo Cseh
Michael Phelps – Não, não, não volto dentro de quatro anos
Aumentou a lenda, mas não ganhou. Ainda, por cima, teve de dividir a medalha de prata dos 100 metros mariposa com os seus mais duros e eternos rivais no estilo mais duro e exigente da natação: o húngaro Laszlo Cseh e o sul-africano Chad le Clos. Mas Michael Phelps estava feliz como nunca. E não era só por ter aumentado para 27 o seu pecúlio de medalhas olímpicas. “Estou a gozar este desporto como quando tinha 18 anos”, disse aos jornalistas.
Foi a sua 62º prova em Jogos Olímpicos e a sua última competição individual (falta-lhe apenas a estafeta de 4x200m estilos, no sábado, para se despedir do Rio). E foi obrigado a garantir, inúmeras vezes, que terá sido mesmo a última de todas. Disse-o aos outros competidores, quando estavam no pódium. Disse-o aos jornalistas na zona mista e, depois, na conferência de imprensa, onde a maioria das perguntas que lhe dirigiram era sobre se o voltariam a encontrar, daqui a quatro anos, em Tóquio.
“Vou estar em Tóquio, mas não vou competir em Tóquio”, respondeu, descontraído e com um sorriso que nada tem a ver com o do rapaz tímido, introspectivo, de olhar fechado, que muitos jornalistas conheceram há 12 anos, nos Jogos de Atenas. Phelps está agora mais solto, mais feliz, mais “cool”. Fala com desenvoltura e simpatia. Abraça os companheiros que acabaram ganhar medalhas, é magnânimo e delicado para os adversários. Sabe que não precisa de provar nada a ninguém e, repete-o também com alguma insistência, só pensa em ter tempo para desfrutar da companhia da mulher e do filho, ainda bebé.
“Estou pronto para me retirar. Fui capaz de fazer tudo o que sonhei neste desporto. Foram 24 anos e estou contente por poder terminar assim”, esclareceu.

Katie Ledecky estabeleceu já 13 recordes mundiais. E só tem 19 anos
Katie Ledecky – Ganhar e esperar 11 segundos pelas adversárias
Era para ser uma prova contra as restantes sete adversárias, mas Katie Ledecky transformou a final dos 800 metros livres numa espécie de contra-relógio. Desde que mergulhou e até tocar na parede, após 18 piscinas, ela foi sempre na frente e aumentando, cada vez mais, a distância para as outras nadadoras.
Nas bancadas do Estádio Aquático Olímpico começou a perceber-se que estava um recorde do mundo à vista. E os últimos 200 metros foram percorrido por Ledecky com o público a gritar, pedindo uma marca histórica. Ela não os defraudou e tirou quase dois segundos (1,89s) ao anterior máximo mundial, que já lhe pertencia. E, depois de terminar a prova, ainda esperou 11 segundos pela britânica Jazz Carlin e a húngara Boglarka Kapas, para saber quem a iria acompanhar nos lugares mais baixos do pódium.
“Não podia estar mais feliz e nunca me tinha sentido a nadar tão rápida”, disse aos jornalistas, de tal forma emocionada que as lágrimas lhe corriam pelo rosto, após ganhar a sua quarta medalha de ouro nestes Jogos, e afirmando-se como a atleta mais dominadora da natação actual. No Rio, ela acumulou os títulos dos 200, 400 e 800 metros, os dois últimos com recordes do mundo.
Com apenas 19 anos, ela tem já seis medalhas olímpicas no seu currículo. Apenas menos duas do que Michael Phelps quando tinha essa idade.

Anthony Ervin ganhou o ouro aos 35 anos e 16 anos depois da primeira medalha
Anthony Ervin – Repetir ouro… 16 anos depois
Katie Ledecky ainda estava na zona mista, depois de acabar de falar com os jornalistas, quando se ouviu o tiro de partida para a sempre aguardada final masculina dos 50 metros livres, a prova mais rápida disputada numa piscina olímpica. Os seus olhos ficaram, de imediato, presos ao écran. E quando a prova terminou, ouviu-se a sua exclamação: “Oh, my God, is Anthony Ervin”.
Percebe-se o espanto. Não só por o seu compatriota ter derrotado o favorito, o francês Florent Manaudou, mas acima de tudo por Anthony Ervin ser o membro mais velho da equipa de natação dos EUA, com 35 anos, e ter voltado a ganhar esta prova 16 anos depois do seu primeiro triunfo, nos Jogos de 2000, em ex-aequo com Gary Hall Jr.
Depois dessa sua medalha de ouro em Sydney, com apenas 19 anos, Ervin era apontado como uma das grandes promessas da natação americana. Mas não as concretizou e chegou até a afastar-se do desporto durante oito anos, período em que foi guitarrista numa banda de heavy metal, alcoólico assumido, experimentou todo o tipo de drogas, teve problemas com a polícia, e tentou suicidar-se. Depois, tornou-se budista, voltou à universidade para se formar em Literatura Inglesa e regressou às piscinas. Desde a noite de sexta-feira, 12, é o nadador americano mais velho de sempre a ganhar uma medalha de ouro numa prova individual nos Jogos Olímpicos (batendo o recorde que Michael Phelps, de 31 anos, tinha estabelecido no início da semana).

O abraço de Michael Phelps a Maya DiRado
Maya DiRado – Ganhar o ouro na última prova da carreira
Entre os apostadores e os entendidos na modalidade, parecia não haver dúvidas: a final dos 200 metros costas era o terreno onde a húngara Katinka Hosszu, conhecida como a “Dama de Ferro”, ia ganhar a sua quarta medalha nos Jogos do Rio, depois dos ouros conquistados nos 100 metros costas, e nos 200 e 400 metros estilos. Afinal, o lugar mais alto do pódium foi ocupado pela americana Maya DiRado, completando assim uma semana onde já tinha ganho também um ouro (estafeta 4x200m livres), uma prata (400m estilos), e um bronze (200m estilos). E logo na última prova da sua carreira.
Maya DiRado, de 23 anos, vai deixar a natação para, depois de uma curtas férias, iniciar uma carreira profissional numa empresa de consultadoria de gestão. O seu primeiro dia de trabalho será já a 9 de Setembro e, por isso, tem passado algum tempo no Rio a enviar emails para os seus novos patrões para tratar de formalidades relacionadas com o seu emprego.
“É uma sensação indescritível”, confessou aos jornalistas. “É alegria plena, surpresa e excitação. Era a minha última corrida e ganhei a medalha de ouro”.