Num jogo da atual temporada do principal campeonato brasileiro, o Palmeiras perdeu de forma surpreendente com o fraco Água Santa por 4-1. No final, jogadores palmeirenses desolados despiram as camisolas, deixando à mostra o “top” branco que envergavam. Pareciam, de facto, sutiãs.
Na Imprensa brasileira alvitrou-se que o Palmeiras, ou Verdão, escolheu coletes brancos para evitar a cor preta, mais discreta, mas que identifica o Corinthians. Os dois clubes de São Paulo alimentam uma rivalidade ancestral. E, claro, o desaire perante o Água Santa e os “tops” brancos, como lhes chamam no Brasil, suscitaram uma avalancha de gozo nas redes sociais. “Tomar de 4-1 do Água Santa e ver seu time usando sutiã deve ser muito sofrido”, ironizou no Twitter um adepto corintiano.
Clubite à parte, é sabido, por exemplo, que o goleador sueco Zlatan Ibrahimovic (o reforço mais sonante do Manchester United de Mourinho) usa há pelo menos três anos o colete com GPS, embora a FIFA, o organismo que tutela o futebol mundial, apenas em julho de 2015 tenha decidido permitir a utilização desse software em jogos oficiais. E só agora, na época 2016/2017, é que os três grandes do futebol português, Benfica, Sporting e FC Porto, apostam forte nesta tecnologia inovadora.
Luís Vilar, diretor de Desporto da Universidade Europeia, explica as principais vantagens do gadget. Com um cardiofrequencímetro na parte da frente, para medição cardíaca, o colete, diz, tem acoplado atrás um pequeno GPS, de 4 por 5 centímetros, que fica posicionado “entre as duas omoplatas, os ossos das costas, para evitar que o atleta se aleije em algum choque”. A partir daqui, o software “transmite em frequências de 15 hertz (um ciclo por segundo) e em wireless as coordenadas de deslocamento dos jogadores no campo e o esforço que estão a despender, dados que são monitorizados por um treinador adjunto em tempo real”.
Alterações táticas podem ser feitas no momento ou a posteriori, após a análise cuidada dos elementos recolhidos. Outra mais-valia importante, destaca Luís Vilar, é “a gestão do esforço do atleta, que evita lesões, poupando-lhe a carga e a intensidade nos treinos, se for caso disso”. Mas a tecnologia dos coletes com GPS não há de ser para todos na I Liga portuguesa: para equipar um plantel de 20 unidades, por exemplo, os clubes têm de gastar cerca de 60 mil euros.
Seja como for, as duas multinacionais fabricantes deste software que parecem, por agora, ocupar os primeiros lugares na grelha de partida deste negócio acelerado, a australiana Catapult e a irlandesa Statsports, vão competir no campeonato português. Sporting, FC Porto, Braga e Marítimo estão na lista de clientes da Catapult – além de Real Madrid, Bayern de Munique ou Chelsea. O Benfica escolheu a Statsports, juntando-se a Barcelona, Manchester United, Manchester City ou Juventus.
Prognósticos? Só lá para maio de 2017, no final da temporada.