Poucos minutos depois de uma última hora nos avisar que o candidato Trump tinha sido alvejado a tiro num comício na Pensilvânia, nos EUA, e de termos tirado por momentos os olhos do palco principal em que tocavam os Pearl Jam para sabermos pormenores da notícia, vemos Marcelo Rebelo de Sousa a romper por entre a multidão, a poucos metros do palco. Sim, o presidente da República estava no meio de nós, de 55 mil pessoas, seguido pelas câmaras da televisão e com uns discretos seguranças a protegê-lo.
“It was really your prime minister there?” Haveria de perguntar um colega jornalista com sotaque claramente britânico, já na sala de imprensa. “Não, era mesmo o Presidente”, corrigimo-lo, antes de brindarmos com uma imperial.
Mesmo sem saber de nada disto, Eddie Veder, o mítico vocalista da banda que fez esgotar os bilhetes em 24 horas logo em dezembro, quando o nome foi anunciado, põe-nos todos a cantar o Imagine, de Jonh Lennon, que, como se sabe, é um hino à paz. “É uma festival mágico!” diria sobre o NOS Alive, numa tentativa de falar português, com recurso a uma cábula, durante a sua atuação na noite de sábado.
Por falar em paz, há cada vez mais pessoas nas plateias destes concertos festivaleiros que parecem estar em guerra com o mundo. Ou então estão apenas no lugar errado. São aquelas que permanecem todo o tempo quase imóveis, de braços cruzados, usando-os apenas para içar o telemóvel bem ao nível dos olhos dos outros para gravar músicas inteiras; são aqueles que se incomodam com alguém mais efusivo; são aqueles que quase nos exterminam se levam uma pisadela ou um encontrão no meio de uma dança. Felizmente, não são a totalidade das 165 mil pessoas que por aqui passaram durante três dias. Meus amigos, estar numa arena como o NOS Alive não é ir à Aula Magna. Gostamos de estar em ambos os locais, mas o comportamento é obrigatoriamente diferente.
Depois deste extensíssimo parêntesis, é importante anotar que o festival estará de volta em 2025, nos dias 11, 12 e 13 de julho. E Álvaro Covões, o número 1 da Everything is New, que há 16 anos organiza este acontecimento musical, prometeu continuar a cumprir com o “melhor cartaz de sempre”, desta vez assegurado por 129 atuações e 127 artistas. Para o ano, depois das obras no passeio marítimo de Algés até à foz do Jamor, o público estará mais perto do mar, segundo foi anunciado na conferência de imprensa de ontem, sábado, ao final do dia.