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A EUROPA DO CINEMA
Se há coisa que parece pelo menos unir a Europa é o cinema e o futebol. Por isso, esta edicão número 24 dos EFA, prémios outorgados pela Academia de Cinema Europeu, começou logo na sexta, com um movimentado afluxo de chegadas e uma razoável parada de estrelas ao Hotel Concorde, a um quarteirão da Kurfurstdam, o velho centro ocidental da capital alemã. Por lá iam passando velhas estrelas do cinema europeu dos anos70, ainda no activo, como Michel Piccoli (acabou de rodar ‘O Gebo e a Sombra’, com Manoel de Oliveira), Bruno Ganz e a elegantíssima Anouk Aimée, talvez uns dos que mais brilharam na cerimónia. Mas nesta altura é que eram precisas as estrelas europeias de dimensão global como Marion Cotillard, Penélope Cruz, Javier Bardem, Daniel Craig, António Banderas, Tilda Swinton, Colin Firth, entre outros, para dar ainda mais brilho à grande festa. Essa foi na noite de sábado, perto da Potsdam Platz (onde se realiza a Berlinale), no Tempodroom. Trata-se de uma grande e moderna sala de espectáculos, (na configuração interior em tudo idêntica ao Coliseu de Lisboa, até nas cadeiras duras, para quase três horas de espectáculo) e foi lá que se reuniu uma boa parte do cinema europeu que se vestiu a rigor para premiar os melhores do ano de 2011. Os chamados Óscares do cinema europeu têm com grande esforço dos academistas e principalmente de Wim Wenders, procurado um glamour e uma identidade própria nem sempre muito conseguida. Isto, apesar do contentamento e optimismo do realizador Volker Schlöndorff e da grande qualidade dos filmes favoritos: ‘Melancholia’ (Dinamarca), The Artist (França), O Rapaz da Bicicleta (Bélgica) e ‘O Discurso do Rei’ (Reino Unido). Foi Win Wenders, Presidente da Academia de Cinema Europeu deu logo no início, um tom à ceremónia: ‘Esta é a Europa da cultura e do cinema e não a dos bancos e dos políticos’. Mas este ano para além da já recorrente ausência de muitas ‘estrelas’ entre os nomeados, a coisa não correu da melhor maneira. Até com a ‘host’, dos últimos três anos, a alemã Anke Engelke, que não teve uma prestação muito feliz, inclusive na escolha do seu guarda-roupa: de vestido de noiva no início (uma natural alusão a ‘Melancholia’) e um traje comprido que parecia um cortinado. Aliás um gozado numa piada durante a cerimónia. Mesmo assim houve grandes momentos: Ludivine Saigner estava linda na sua apresentação; Sylvie Testud (Melhor Actriz por ‘Lourdes’ o ano passado) foi de um exponteineidade extraordinária perante o engano da mestre de cerimónias, que a chamou para entregar a categoria errada; o cão Hugie de ‘The Artist’ com a actriz Heike Makatsch em palco; o ataque de riso da actriz germano-turca Sibel Kekilli, durante a apresentação da candidatura de ‘Melancholia’ a Melhor Filme E nada disto estava previsto com a excepção da surpresa de ver Terry Gillian em palco para ganhar a categoria de curta-metragem.
UMA CERIMÓNIA MELANCÓLICA
Esta cerimónia poderia ter sido completamente de Lars Von Trier não fosse se calhar o tal deslize em Cannes. Na verdade um mal-entendido para quem não entende a sua inteligente ironia. O realizador dinamarquês foi a grande ausência da noite. Os académicos europeus acabaram talvez mesmo por castigá-lo não lhe atribuindo o Prémio de Melhor Realizador. Este foi para a sua colega dinamarquesa (sócia da Zentropa) Susanne Bier por ‘Um Mundo Melhor’, vencedor do Oscar a Melhor Filme Estrangeiro. A primeira ovação da noite foi cedo para a categoria de Melhor Filme de Animação Europeu: ‘Chico & Rita’ dos espanhois Javier Mariscal e Fernando Trueba (filme que abriu o Cinanima) venceu os franceses ‘Le Chat du Rabin’ e ‘Une Vie de Chat’. Enquanto Trueba dedicava este prémio à sua inspiração: o pianista cubano de 91 anos, Bebo Valdés, Mariscal gritou ‘Viva a Europa’. Michel Piccoli, veterano actor e protagonista de ‘Habemus Papam’, de Nanni Moretti, apesar de estar nomeado na categoria de Melhor Actor recebeu a homenagem surpresa da noite e das mãos do consagrado no ano passado: o actor Bruno Ganz. Picolli aproveitou no seu discurso para criticar a dupla Sarkozy e Merkel. E logo a seguir Maria de Medeiros (até parece que em Portugal não temos outras grandes actrizes) entregou o Prémio Eurimages para a Melhor Co-produção Europeia. Foi destinado à uruguaia, residente em Madrid, Mariela Besueivsky, da Tornasol Films, responsável entre outros por ‘O Segredo do Seus Olhos’. O conhecido actor dinamarquês Mads Milkkensen, mau-da fita em ‘Casino Royale’ de James Bond, levou o Prémio de Carreira no Mundo do Cinema, apresentado pelo seu ilustre companheiro Stellan Skarsgard. O argumento dos Irmãos Dardenne, em ‘O Rapaz da Bicicleta’, acabou por levar o Prémio respectivo nesta para os prestigiados realizadotres belgas não sairem de Berlim de mãos vazias e com a cara de frete com que permaneceram durante toda a cerimónia. O compositor de ‘The Artist’, Ludovice Bource, logo de seguida arrebatou surpreendentemente (Prémio de Melhor Compositor Europeu), o único galardão para a França. Wim Wenders voltou a subir ao palco para recolher galardão que premiava o seu documentário ‘Pina’, com três dos bailarinos da Companhia de Wuppertal. O seu extraordinário trabalho em 3D recebeu o Prémio Arte/Melhor Documentário Europeu e Wenders não se esqueceu de agradecer à malograda coreógrafa Pina Bausch, que não chegou a ver este filme sobre a sua obra. Já com a cerimónia longa chegou a vez de premiar as actrizes. Tilda Swinton ganhou o Prémio de Melhor Actriz com a sua interpretação nada maternal em ‘We Need to Talk About Kevin’, da escocesa Lynne Ramsay, mas não estava na sala. Nem ela nem as suas colegas nas nomeações, Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg ou Cécile de France. Estava apenas a actriz russa Nadezha Markina (‘Elena’). Apesar da expectativa do simpático francés Jean Dujardin, sentado na plateia e de ser um dos actores mais aplaudidos da noite, acabou por ver Colin Firth, que não estava na sala, levar o Prémio de Melhor Actor por ‘O Discurso do Rei’. ‘Melancholia’ ganhou o Prémio na categoría de Melhor Direcção Artística (Desenho de Produção) e pouco depois ‘O Discurso do Rei’ adiantava-se no número de prémios atribuídos até então, com a Melhor Montagem e Prémio do Público. O realizador britânico Stephen Frears, (‘A Rainha’) subiu ao palco para receber uma homenagem por toda a sua carreira perante uma audiência na sala toda de pé. Num evidente emocionado discurso de agradecimento, referiu: ‘não sou autor, não escrevo os meus argumentos, sou apenas alguém que espera que os meus filmes sejam vistos’. E como britânico sente-se seduzido pelo cinema europeu. A apresentadora Anke Engelke, quase se esquecia de Terry Gilliam, que levou o Prémio de Melhor Curta-Metragem por ‘The Wholly Family’. O realizador brincando com este galardão que lhe foi atribuído depois de tantas longas-metragens era quase como um retrocesso na sua carreira. Respeitando as honras do grande vencedor da noite foi finalmente anunciado o Melhor Filme Europeu 2011. Ou antes não foi porque a actriz alemã, mostrou apenas a folha com o título ‘Melancholia’ e esqueceu-se de o anunciar, ficando a sala sem perceber muito bem quem era o vencedor e quebrando a espectativa de um grande final, mesmo sem o realizador presente. Falta de ensaios ou inexperiência algo que não é muito comum ao conhecido grande rigor germânico. E isto não acontece em Hollywood. Apesar das poucas e habituais categorias anunciadas, ficou-se com a sensação que este ano a ceremónia foi demasiado longa e aborrecida para os convidados. A distribuição de prémios foi politicamente correcta e desconcertante. Os franceses foram quase excluídos, com uma inexplicável falta de apoio a ‘The Artist’, um dos box officer europeus do ano. E um filme que vai certamente estar nos Óscares. Depois demasiados prémios para ‘O Discurso do Rei’, um filme que já fez a sua carreira de premiações e já deu tudo o que tinha a dar em termos de mercado. O resto da noite, tanto o jantar, como a festa no Hotel Concorde foram bastante animadas. Curiosamente também pelo brilho e descontração de Wim Wenders, Presidente da Academia, que com a mulher esteve na pista a dançar alegremente, até altas horas da madrugada. Ver a lista de todos os premiados em:
http://www.europeanfilmacademy.org