Teremos de esperar até finais de maio para poder ver as pequenas e redondinhas bagas, de cor roxa, a brotarem das plantas que ocupam os seis hectares de cultivo da NBerry, na freguesia de Decermilo, em Sátão. Olhando à volta, perdemos a conta ao número de filas de plantio que parecem ter sido medidas a régua e esquadro. Para conseguirem este pomar gigante, ao qual se juntam mais quatro hectares noutra freguesia, Carlos Almeida, 42 anos, e Nuno Pais, 40, tiveram de comprar parcelas a, pelo menos, dez proprietários. “Para se tornar um negócio a sério, é preciso área. Somos um país de minifúndios”, aponta Nuno.
Quando os dois sócios se iniciaram no negócio de produção deste pequeno fruto, há mais de uma década, nem eles conheciam bem o sabor do mirtilo: “Ninguém o consumia”, recordam. Até há poucos anos, não se viam estas bagas no frigorífico da maioria dos portugueses. E muito menos a ideia de adicionar mirtilos ou framboesas a um iogurte, smoothie ou bolo. À boleia dos benefícios dos frutos vermelhos para a saúde, e dos fundos comunitários de apoio aos jovens agricultores, o País terá hoje mais de mil produtores numa área que ultrapassa os 2 587 hectares e que resultou, em 2021, numa produção superior a 17 mil toneladas, quase todas destinadas ao Norte da Europa, segundo os últimos dados da Associação Nacional de Produtores de Mirtilo.