Até ao dia 12 de abril de 2023 – data em que prestou declarações como arguido perante a juíza de instrução Ana Marisa Arnêdo –, Ricardo Peixoto Fernandes, empresário, acusado no processo das golas da Proteção Civil, estava convencido que a sua ex-mulher, Isilda Gomes da Silva, tinha trocado mensagens com o antigo secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves, outro dos acusados. Tal como o empresário, também o Ministério Público não teve dúvidas e a comunicação em causa foi até utilizada como um meio de prova determinante para fazer a ligação entre José Artur Neves ao alegado esquema de viciação de um concurso para a compra de golas antifumo da Proteção Civil.
Também o procurador que acompanhou a fase de instrução e esteve presente no interrogatório de 12 de abril de 2023, David Aguilar, fez fé no que constava da acusação dos seus colegas do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). De acordo com este documento, ainda na “fase preliminar” do concurso para a aquisição da golas – ganho pela Foxtrot de Ricardo Peixoto Fernandes –, “Isilda Gomes da Silva contactou telefonicamente José Artur Neves, a quem se dirigiu, usando um trato social revelador de proximidade – o tratando por tu é disso indicativo –, com o objetivo de saber quantos kits iriam ser distribuídos ao município de Guimarães, onde, à altura, desempenhava funções políticas de presidente da Junta de Longos, eleita pelo PS”.
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