Uma enorme massa de sargaços está a aproximar-se do litoral costeiro das Caraíbas, do Golfo do México e da Florida. A quantidade de algas marinhas duplicou todos os meses entre janeiro e fevereiro formando uma massa gigantesca com o equivalente ao dobro da largura dos Estados Unidos continentais. Espera-se que atinja as praias da Flórida e do México neste verão durante a época balnear.
Estima-se que 200 toneladas de sargaços já tenham chegado às praias ao longo da Península do Iucatão no início deste mês, o que levou as autoridades locais a avançar com operações de limpeza. Key West, na Florida, está também a ver grandes quantidades de algas marinhas a acumularem-se, tendo restringido os acessos à praia apenas um mês após o encerramento de outras praias do estado durante uma floração de microalgas tóxicas conhecida como “maré vermelha”.
A Florida Fish and Wildlife Conservation, que monitoriza a localização destas algas, avisa os cidadãos para não nadarem nas águas pela possibilidade de irritação da pele e dos olhos. Nos Barbados, as autoridades destacaram centenas de camiões para limpar as praias e, no ano passado, as Ilhas Virgens Americanas declararam o estado de emergência após terem sido inundadas por sargaços.
Por forma a contornar a situação, as comunidades já estão a encontrar soluções para este problema, como cobri-las com areia ou, como em Fort Lauderdale, recolhe-as, retirar-lhes o sal e convertê-las em fertilizante natural. No México, alguns empresários estão a comprimir as algas em tijolos e a utilizá-las para a construção.
O sargaço é uma alga dourada ou castanha, que ao contrário de outros tipos de algas que estão enraizadas no fundo pouco profundo do oceano, está adaptada para viver no mar aberto. No oceano Atlântico existe uma zona limitada por correntes denominada Mar dos Sargaços, onde estas algas normalmente se encontram. Historicamente, o sargaço é uma parte natural do ecossistema oceânico, porém, na última década, este prosperou descontroladamente pelas costas das Caraíbas, Golfo do México e Florida, afastando turistas, devastando as indústrias pesqueiras locais e obrigando a operações de limpeza dispendiosas. Além disso, à medida que o sargaço se decompõe, liberta um gás chamado sulfureto de hidrogénio que pode irritar os olhos, o nariz e a garganta. Pequenas criaturas marinhas como medusas, vivem nos sargaços e podem irritar a pele. As algas marinhas em excesso também prejudicam o ecossistema – a espessa massa emaranhada pode sufocar recifes de coral e mangais através da eutrofização das águas.
Dados recolhidos ao longo da última década revelaram as causas prováveis destas invasões de algas marinhas: as nuvens de poeira provenientes do deserto do Saara, a subida das temperaturas e a crescente pegada de nitrogénio. Os influxos de sargaços da última década parecem ter tido origem ao longo da costa atlântica brasileira e do Golfo do México. Grandes quantidades de fertilizantes fluem do rio Amazonas para o oceano por causa da atividade agrícola e da indústria, acontecendo o mesmo a partir do rio Mississippi. Quando os agricultores pulverizam fertilizantes em terra, estes escorrem para os rios e são libertados no mar, fertilizando involuntariamente as algas marinhas. Já as nuvens de poeira do Saara, que se estendem por milhares de quilómetros através do Oceano Atlântico, também contribuíram para esta explosão de algas marinhas. A poeira contém ferro, nitrogénio e fósforo que fertiliza o plâncton. Estas espessas nuvens de poeira atmosférica corresponderam a um pico de sargaços em 2015 e em 2018.