Em 1973, o cientista Robin Foster encontrou, no Parque Nacional de Manú, no Perú, uma estranha árvore com pequenos frutos cor-de-laranja, em forma de lanterna de papel. Era algo que nunca tinha visto e que, por isso, não conseguia identificar.
As amostras que recolheu na altura e que, mais tarde, entregou a diversos especialistas para tentativa de identificação, foram inconclusivas. As características específicas da planta criaram a possibilidade de se poder integrar em inúmeras famílias de plantas já existentes. Tal grau de ambiguidade fez com que se perdessem décadas em tentativa e erro. Nem a análise de uma amostra de ADN seca resolveu a questão.
Normalmente demora entre 5 a 15 anos para uma planta ser identificada, embora o processo, em teoria, possa ir de 6 meses a 200 anos. Segundo os especialistas, o tempo que esta identificação demorou não é, de todo, normal e facto de se ter prolongado tanto fez com que esta planta passasse meio século num limbo: existia na prática, mas não na teoria, ou seja, não existia cientificamente.
Foi apenas através da análise de amostras de ADN frescas, colhidas em 2015, por Patricia Álvarez-Loayza, que se conseguiu resolver o mistério. As amostras analisadas no Field Museum, em Chicago (mesmo local onde tinham sido antes analisadas as amostras secas), colocaram a outrora estranha árvore, com frutos laranja, em forma de lanterna de papel, na família Picramniaceae, uma família de plantas dos trópicos e sub-trópicos do hemisfério oeste.
Como as características físicas da planta nada tinham a ver com as da família em questão, a descoberta foi encarada com algum espanto dentro da comunidade científica. No entanto, estando agora classificada cientificamente como Aenigmanu alvareziae (nome que deriva do local onde foi encontrada e do nome da pessoa que viabilizou a sua identificação), os investigadores podem investigar todas as suas propriedades, como é o caso de potenciais usos em tratamentos para o cancro, algo que é comum a todas as plantas desta família.