“Mesmo que a guerra comercial abrande e a incerteza sobre o Brexit diminua, é improvável que 2020 seja de navegação tranquila”, disse o Credit Suisse nas suas previsões económicas. “Não há margem para erros de política económica”, corrobora o Fundo Monetário Internacional. Isto porque os bancos centrais já usaram grande parte do seu arsenal de medidas e têm menos capacidade para responder a crises. Desde março de 2016 que o BCE disponibiliza liquidez ao sistema financeiro com juros de 0%.
O que esperar de 2020, eis a questão. É provável que se consiga evitar uma crise, mas as guerras comerciais, a tomada excessiva de riscos pelos investidores, o aumento da dívida e a falta de armas dos bancos centrais já ativaram os sistemas de alerta. Eis os factores que mais preocupam os economistas.
1. Brexit e guerra comercial
A disputa entre os EUA e a China está a causar mossa. O comércio internacional teve já uma quebra, a terceira apenas em 20 anos, nota Jean-Pierre Durante, economista da gestora de ativos Pictet. As outras duas quedas nas trocas internacionais, mais violentas, antecederam recessões. Outra grande preocupação é com o impacto do Brexit.
2. China a abrandar
Mesmo que o conflito comercial entre Washington e Pequim se resolva, a China vive o menor fulgor económico desde o início da década de 1990. Se quando o mundo desenvolvido estava na Grande Recessão o gigante asiático crescia acima de 9%, em 2020 esse desempenho deverá ficar abaixo de 6%.
3. Bancos centrais com menos armas
Desde a grande crise financeira, instituições como a Reserva Federal dos EUA e o Banco Central Europeu (BCE) usaram quase todas as armas disponíveis para segurar a economia e os mercados financeiros. Os receios é que possam ter esgotado o arsenal e não tenham mais munições para impedir que apareça uma nova crise.
A probabilidade atribuída pelo Credit Suisse à ocorrência de uma recessão nos Estados Unidos da América é de 30%
4. Bolhas e os juros negativos
A política de taxas de 0% ou negativas de alguns bancos centrais, como o BCE, incentiva a tomada de riscos excessivos dos investidores, o que potencia bolhas especulativas em várias classes de ativos. Alguns economistas têm notado sinais de sobrevalorização nos mercados de dívida, nas bolsas e no imobiliário.
5. Dívida elevada
Segundo o Banco Mundial, há uma onda de endividamento que dura já desde 2010. O total da dívida mundial (inclui Estados, empresas e famílias) correspondeu em 2018 a 230% da riqueza produzida anualmente no mundo. E acelerou mais nos países emergentes. “Um choque global súbito, como uma subida acentuada das taxas de juro ou dos prémios de risco, pode levar a stresse financeiro nas economias mais vulneráveis”, avisaram os economistas do Banco Mundial.
Saiba aqui o que esperar para cada região do globo.