Para combater a obesidade há várias estratégias. Mas nenhuma delas resulta se não for assimilada uma mudança definitiva no estilo de vida. Mesmo quando o paciente se submete a uma cirurgia para perder peso. “Em todo o processo, a intervenção é o menos importante. É apenas uma ajuda no processo de mudança de hábitos de vida”, reforça Gontrand Lopez Nava.
Gastroenterologista, o médico especializou-se em endoscopia e aplica a técnica – que permite o acesso aos órgãos internos pela boca, através de um tubo – ao tratamento da obesidade. Em particular à redução do estômago. Lopez Nava é um recordista neste tipo de intervenções, tratando pacientes de todo o mundo, quer na sua clínica de Madrid, quer deslocando-se a unidades de saúde de outros países.
Esta semana o médico operou três portugueses, no âmbito de uma colaboração com o Hospital de São Luís, em Lisboa. Na técnica, denominada método Apollo, o cirurgião chega ao estômago através de um tubo, por onde passa uma câmara, fios, tesouras, pinças, todo o material necessário. Operando à distância, de olho no monitor, o médico dá uns pontos que reduzem o tamanho do estômago e, em princípio, ajuda o paciente a sentir menos fome ou a ficar saciado com menos quantidade de comida.
Mas o principal, insiste Lopez Nava, é o acompanhamento dado pela equipa de nutricionistas. “É muito importante a parte psicológica”, diz. Para os pacientes, este método apresenta diversas vantagens: menor risco de infeção, recuperação mais rápida – 24 horas depois pode estar a fazer a sua vida normal e menos tempo de anestesia. Toda a intervenção não dura mais do que 35 minutos. “Há pessoas que nem contam a ninguém que fizeram este tratamento”, revela.
Outra vantagem está relacionada com o risco de rompimento dos pontos, que é muito comum nos casos de redução do estômago. Num processo cirúrgico, pelo abdómen, pode haver muito mais complicações. Neste caso, “é como coser o forro de um casaco, o trabalho é feito pelo interior, se o ponto se soltar, a capa de fora está intacta, logo é muito menos perigoso”, ilustra.
O paciente típico de Lopez Nava está na casa dos trinta, quando o procura já está muito bem informado acerca do procedimento, às vezes mais até do que o seu médico assistente, Em média, perdem vinte quilos e 50% do excesso de peso.