Depois do lince-ibérico, também os sapos passaram a ter o seu próprio sinal em Portugal. Num troço da Estrada Nacional 114, no distrito de Évora, a Infraestruturas de Portugal (IP) instalou um sinal de trânsito com o desenho de um sapo para avisar os condutores que aquela é uma zona de passagem de anfíbios.
O objetivo não é só salvar os animais, explica Graça Garcia, bióloga da IP. “Nas noites de chuva, sobretudo no início do inverno e da primavera, os anfíbios – sapos, salamandras, tritões – fazem migrações em massa entre charcos, para se reproduzirem. Com essas condições de visibilidade, as pessoas não os conseguem ver, eles vão morrendo esmagados e a estrada vai ficando cada vez mais escorregadia, com os restos mortais dos animais, o que pode provocar derrapagens e acidentes.” É um dois em um: salvando-se os anfíbios, salvam-se os humanos.
O sinal vertical faz parte do LIFE LINES, um projeto que tenta mitigar os efeitos negativos das estradas para a biodiversidade. Esta zona em particular é considerada de intervenção prioritária pelos investigadores da Universidade de Évora (parceiros no projeto), dado ser uma rota de migração. “Além do sinal, que tem a autorização da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, a título experimental, temos outras infraestruturas para proteger animais”, diz Graça Garcia, também coordenadora do LIFE LINES na IP. “Construímos barreiras que impedem os anfíbios de atravessar a estrada e os encaminham para as passagens hidráulicas [subterrâneas], instalámos passadiços para predadores e ainda barreiras para ajudar as corujas a levantarem voo.” O problema com as corujas é, tal como o dos sapos, duplo: o atropelamento de uma destas aves de grande porte pode provocar um despiste.
A IP está igualmente a preparar uma app para que os condutores assinalem a presença de animais selvagens atropelados, para ajudar a identificar pontos negros que precisem de intervenções como estas.