Três pessoas morreram com cancro da mama depois de lhes terem sido feitos transplantes com órgãos de uma mulher que tinha o mesmo tipo de cancro.
Em 2007, ano em que uma mulher de 53 anos morreu com um AVC, os seus órgãos foram doados a cinco pessoas diferentes – os rins, os pulmões, o fígado e o coração – mas o diagnóstico de cancro não era conhecido pelos médicos.
Os pacientes transplantados desenvolveram cancros da mama graves e três acabaram por morrer, de acordo com um relatório publicado na revista científica American Journal of Transplantation.
A partir de testes de ADN, os médicos conseguiram combinar o perfil genético das células cancerígenas de cada paciente com o dador original e conseguiram demonstrar que o que tinha provocado cancro nos pacientes tinham sido as células cancerígenas nos órgãos transplantados.
A doença foi diagnosticada pela primeira vez num doente 16 meses depois do transplante, mas em alguns dos casos o cancro demorou seis anos a metastizar-se.
A primeira paciente a ser diagnosticada com cancro – que já estava metastizado – foi uma mulher de 42 anos, que recebeu um transplante de pulmões e que morreu em 2009. Já os dois pacientes (um homem e uma mulher) que receberam um rim cada um só mostraram sinais de cancro da mama vários anos depois.
Relativamente ao homem, o rim transplantado foi removido depois de o tumor ter sido detetato, em 2011 e, através de sessões de quimioterapia, conseguiu curar-se. A receptora do fígado, uma mulher de 59 anos, não aceitou a remoção do órgão depois de ter sido diagnosticada e acabou por morrer.
De acordo com os autores do relatório, a probabilidade de ser transplantado um órgão não saudável é ínfima – de acordo com os médicos, é de um caso em 10 mil.
“A taxa extremamente baixa de transmissão de malignidades durante o transplante prova a eficiência das diretrizes atuais”, refere Yvette Matser, principal autora do relatório.
Os médicos dizem que os recetores de transplantes tomam imunossupressores que reduzem a eficiência do sistema imunológico para evitar que os órgãos sejam rejeitados e que isso pode fazer com que as células cancerígenas não sejam eliminadas.
Os autores sugerem que, nestes casos, a remoção do órgãos doados e a restauração do sistema imunológico podem induzir à remissão completa do cancro da mama.