Os bastidores do ballet nem sempre são bonitos. Há unhas negras, pés esfolados, ossos partidos. Dor e muito sofrimento. Realidade retratada no filme Cisne Negro, em que a atriz Natalie Portman passa por todos estes tormentos.
Na vida real, durante uma entrevista, em 2012, a bailarina Mariafrancesca Garritano, na altura com 33 anos, acusou a companhia de dança onde trabalhava desde os 16 anos, La Scala de Milão, de obrigar os bailarinos a passar fome, afirmando que um em cada cinco sofre de anorexia. “É uma praga. Comemos tão pouco que 70% das bailarinas com quem trabalho deixam de ter o período”, disse então. Mariafrancesca denunciou ainda que os problemas decorrentes de ossos frágeis são muito frequentes bem como os de infertilidade.
O La Scala defendeu-se, alegando que os métodos tinham mudado muito desde nos últimos anos, contabilizou as várias bailarinas que tinham engravidado, e castigou Mariafrancesca, despedindo-a.
Agora, um tribunal italiano de última instância obrigou a companhia a readmiti-la. Mesmo assim, a bailarina, que atua sob o pseudónimo de Mary Garrett, aguarda um contacto do La Scala. “Durante estes anos de interrupção, mantive-me em forma, preparada para voltar”, disse à imprensa italiana.