- Anthony era um cidadão comum. Trabalhava no escritório de uma agência de seguros, e deslocava-se ao exterior de vez em quando, para peritagens de acidentes. Em casa, a mulher, de aspecto abatido e sem luz, e um filho de 8 anos, sobre quem não tinha autoridade, graças à super protecção da mãe… A. levava trabalho para casa, no portátil… pelo menos era o que dizia à mulher… Noutro canto do mundo, Sónia era a directora comercial de uma moderna empresa de consuting. Divorciada, com uma relação que não passava de sexo, com um bem parecido dono de uma agência de viagens. De vida aparentemente recheada e bem composta, era no entanto, no bocadinho da noite, enquanto relaxava a fazer o jantar, sózinha em casa, o momento que inconscientemente a fazia feliz, quando conversava com o amante totalmente virtual… Um dia, A. é chamado para uma peritagem de um acidente. Chegado ao local, estava a acabar de ser desencarcerada, Sónia, que ele não conhecia…
- A principio, nada mais do que a rotina. Anotações de nomes, moradas, afina,l mais um processo. Os bombeiros e os paramédicos faziam todos os esforços para que os trabalhos de desencarceramento se efectuassem com rapidez e segurança. A. alheou-se do cenário por momentos. Na memória nasciam desfocados os contornos de uma estrada, da súbita derrapagem dos pneus, de uma luz brilhante que lhe entrara pelo pára-brisas estilhaçado…