A Conferência Episcopal Portuguesa vai hoje ao confessionário perante o País. Após semanas de reflexão, os bispos vão finalmente apresentar a sua reação pública às conclusões do relatório da comissão independente sobre os abusos sexuais perpetrados no seio da Igreja, ao longo das últimas décadas. E perante a enormidade dos casos e a monstruosidade que a descrição de muitos deles revelaram, o que se espera, no mínimo, é que a Igreja católica portuguesa vá hoje, a uma só voz, pedir perdão. Só que, apesar da nobreza que possa estar subjacente a esse ato de contrição e de arrependimento, isso já não é suficiente. “Não basta pedir perdão”, deixou até ontem, bem claro, o papa Francisco, numa mensagem em vídeo, difundida pelos serviços do Vaticano.
“A Igreja não pode tentar esconder a tragédia dos abusos, quaisquer que sejam. Nem quando os abusos ocorrem nas famílias, em clubes, ou noutro tipo de instituições. A Igreja deve ser um exemplo para ajudar a resolvê-los, tornando-os conhecidos na sociedade e nas famílias”, disse Francisco.
Como não basta pedir perdão, é grande a expetativa em saber o que os bispos poderão dizer na conferência de imprensa que está programada para se iniciar a partir das 18 horas, em Fátima. Em especial quando se sabe que nunca existiu unanimidade no interior da Conferência Episcopal em relação aos trabalhos da comissão independente, que alguns bispos não colaboraram com a investigação e sabe-se que outros ocultaram abusos durante anos.
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