A viagem de demonstração foi curta, de apenas alguns minutos, mas num ambiente urbano com alguma complexidade. A versão do e-ATAK, da Karsan, com tecnologia de condução autónoma lidou bem com intersecções, rotundas, passadeiras e até com algumas manobras menos cuidadosas de alguns condutores. Como um carro que saiu do lugar de estacionamento repentinamente, e sem fazer qualquer sinal, e um outro carro que fez uma curva ‘fora de mão’. O e-ATAK reagiu atempadamente e de modo suave, dando sempre prioridade à segurança. Num ecrã montado no interior foi apresentado o que o autocarro ‘via’, incluindo as vias, os sinais de trânsito, os outros veículos e os peões. Um sistema que também indica, através de cores linhas e animações, o nível de risco quando é necessário lidar com obstáculos e até o percurso previsto para outros veículos e peões. Tudo em tempo real.
Esta ‘visão’ do Karsan e-ATAK resulta de um sistema de fusão de sensores. Ou seja, um sistema que obtém informação através de diferentes tecnologias: radares, câmaras e sistemas LIDAR (um género de radares que usam lasers para criar uma representação 3D do ambiente). Segundo nos foi explicado por Ali Ihsan Danisman, diretor de comunicações da Adastec, que desenvolve a plataforma de condução autónoma usada pela Karsan, “os dados recolhidos pelos diversos sensores são todos usados no processamento feito pelo sistema, mas a informação gerada pelos LIDAR tem prioridade sobre as restantes”. O Karsan e-ATAK utiliza cinco LIDAR: um de grande dimensão e resolução, montado no topo do autocarro, e outros quatro instalados em cada um dos cantos do e-ATAK.
Num dos painéis de discussão que decorreram no ENVE (Encontro Nacional de Veículos Elétricos), Ali Ihsan defendeu que, a médio prazo, a aplicação da condução autónoma a autocarros vai permitir poupanças significativas, relacionadas com os motoristas e maior eficiência da condução, “bem como reduzir significativamente os acidentes e melhorar o conforto a bordo para os passageiros”.
De acordo com os representantes da Karsan, o e-ATAK demonstrado permite condução autónoma de nível 4 e deverá começar a operar, sem motorista, em alguns países em 2025. A solução proposta pela Karsan e pela Adastec prevê operadores remotos que podem assumir controlo do autocarro em situações em que o autocarro fique ‘preso’.
A Karsan forneceu o primeiro autocarro elétrico à Parques Tejo, que se estabeleceu recentemente como operador de transportes públicos em Oeiras.