De há uns anos para cá, é habitual encontrarem-se, sobretudo nas cidades mais turísticas, estas experiências de imersão, com recurso a vários meios e a novas tecnologias. Ah, Amália apresenta-se como “a primeira história biográfica imersiva dedicada a uma personalidade nacional”.
A aposta de uma empresa privada (a SP Entertainment) nesta fórmula, para uma Lisboa que está no auge do poder de atração turística, recaiu em alguém com estatuto de ícone e com reconhecimento internacional: Amália Rodrigues (1920-1999). O público-alvo, porém, não passa apenas pelos estrangeiros que visitam a cidade; esta “experiência” quer também atrair uma audiência nacional transgeracional (está previsto o contacto com escolas para visitas de alunos).
Quais os argumentos para cumprir esses objetivos num espaço com cerca de 700 metros quadrados? Percebe-se rapidamente que o propósito não é uma abordagem exaustiva e muito aprofundada. A ideia é transportar o visitante para um certo universo, quase sempre acompanhado pela voz de Amália Rodrigues, cantando ou em entrevistas, e por citações suas e outras informações, nas paredes.
Logo na primeira sala, o destaque incide nos palcos de todo o mundo em que Amália atuou; segue-se uma visita aos ambientes dos bairros populares e a casas de fado, onde desde cedo a fadista se afirmou. Mas, graças a tecnologias multimédia, são três os momentos com mais impacto nos visitantes: a Sala 360º, com video mapping nas quatro paredes e no chão, num espetáculo de aproximadamente 12 minutos, que percorre vários momentos da vida de Amália, até à derradeira despedida em outubro de 1999; uma divisão marcada pelas quatro estações, onde, com capacetes de realidade virtual, podemos experimentar a (bem realista) sensação de sobrevoar, como pássaros, Lisboa e a Praia do Brejão (vemos, até, a casa de Amália nesse local da costa alentejana); e um pequeno auditório, onde vemos, em palco, um holograma representando Amália, ainda jovem, cantando fados clássicos, como Lisboa Antiga e Povo Que Lavas no Rio.
Antes da saída deste labirinto amaliano e depois dessas experiências de realidade virtual, podemos ver objetos bem concretos (figurinos e adereços), que fizeram parte da vida da fadista – a Fundação Amália Rodrigues colaborou na produção desta experiência imersiva.
Ah, Amália, Living Experience > 8 Marvila > Pç. David Leandro da Silva, 15-16, Lisboa > seg-dom 11h-19h > €20 (descontos para jovens, séniores e grupos) > ah-amalia.pt