Se fosse viva, Armanda Passos (1944-2021) teria completado 80 anos no mês de fevereiro. Nas últimas décadas, era na sua casa-ateliê, construída em 2006 pelo arquiteto e seu amigo Álvaro Siza Vieira, a poucos metros do Museu de Serralves, no Porto, que pintava (só de dia) e vivia de forma reservada, em conexão com a Natureza, os animais e as suas figuras femininas, grotescas e, por vezes, oníricas.
Pela primeira vez, desde o passado dia 18 e até 2 de junho, a Casa Armanda Passos abrirá ao público para mostrar 45 obras a óleo e a carvão pintadas pela artista nos anos 80, pertencentes a coleções públicas e privadas, numa celebração do seu octogésimo aniversário.
Além de pinturas a óleo nunca antes mostradas, a exposição 80 anos Armanda Passos anos 80, com curadoria da artista plástica Fabíola Passos, filha da pintora, contará com três inéditos em carvão: a obra em maior escala da artista (um desenho com 3,3 metros de largura por 1,5 metros de altura), pertencente à Coleção de Arte Contemporânea da Fundação Altice; um outro da Coleção RTP; e um terceiro incluído na Coleção Casa Armanda Passos. “O carvão era uma técnica raríssima na altura”, reforça Fabíola Passos. “Esta é uma pequena amostra do seu trabalho. Ela tinha este poder de estar em conexão com o ato da criação. Pintar era uma forma de a Armanda Passos respirar”, sublinha Fabíola, que continua a surpreender-se com as obras que tem descoberto durante o processo de inventariação do legado da mãe, a que se tem dedicado.
Esta é também uma rara oportunidade para o público conhecer o lugar de criação da pintora, natural de Peso da Régua, mas que sempre viveu no Porto. “Enquanto ela viveu, a Casa era a Armanda. E assim continuará”, escreveu Álvaro Siza Vieira, em 2022.
Casa Armanda Passos > Av. Marechal Gomes da Costa, Porto > até 2 jun, qua-dom e feriados 14h30-18h30 > grátis > visitas guiadas ao fim de semana