1. Filmes portugueses
Sempre como dantes, a secção Competição Nacional continua a ser um dos pratos fortes do Curtas de Vila do Conde. Basta lembrar que foi através deste festival que se revelaram nomes tão importantes para o cinema português como Miguel Gomes, João Pedro Rodrigues, João Salaviza, Basil da Cunha, Sandro Aguilar e Diogo Costa Amarante.
Neste ano, a Competição Nacional aposta num equilíbrio entre géneros, embora haja sempre o domínio da ficção, e também num equilíbrio entre nomes sonantes e principiantes. Um dos filmes mais esperados é 2720, de Basil da Cunha. Muito ao seu estilo, desenvolvendo um filme no seio de um bairro labiríntico da Amadora, a câmara de Basil oferece-nos o ponto de vista de duas personagens em longos planos-sequência. Também em destaque, Natureza Humana, de Mónica Lima, um filme delicado e belo, que convenceu no Festival de Roterdão; Sonhos de Uma Revolução, um olhar sobre a história de Moçambique, por Pedro Neves; Olha, uma animação do veterano Nuno Amorim, e Corpos Cintilantes, ficção de Inês Teixeira, que esteve na Semana da Crítica, em Cannes.
2. Radu Jude
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O Urso de Ouro em Berlim para Má Sorte no Sexo ou Porno Acidental foi o coroar de um percurso notável daquele que se tornou um dos mais significativos nomes do novo cinema romeno. Mas Vila do Conde não vai mostrar este filme. O festival faz uma retrospetiva das curtas-metragens de Radu Jude, que são variadas e sempre muito cativantes. Até porque, não obstante o sucesso nas longas, o realizador, que vai estar em Vila do Conde, nunca deixou de fazer curtas, mantendo intacta a vontade de explorar o formato.
3. Walerian Borowczyk
O centenário de Walerian Borowczyk, figura de culto do cinema polaco, é pretexto para uma retrospetiva. O realizador, com uma extensa filmografia, é conhecido pelo surrealismo erótico em obras como A Besta. Mas aqui, mais uma vez, as longas ficam de fora, e o desafio é descobrir as curtas-metragens do cineasta – cheias de preciosidades, desde filmes de animação a parcerias com Jan Lenica e Chris Marker, que mostram todo o arrojo artístico e a qualidade técnica.
4. Competição Internacional
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A inclusão de nomes como Lucrecia Martel, Carla Simón, Antonin Peretjatko, Jean-Gabriel Périot e a dupla Benjamin de Burca e Bárbara Wagner na Competição Internacional, todos figuras importantes do cinema mundial, mostra o alto nível do festival. Contudo, as 13 sessões, que compõem a secção, são heterogéneas, ao nível de géneros e de estilo, e procuram um equilíbrio entre realizadores experientes e principiantes, bem como no que toca à amplitude geográfica. Um convite a descobrir olhares e formas de fazer cinema.
5. Turbo Junkie e Stereo
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A estreia do documentário Maquete ‘92 é o pretexto para os Turbo Junkie, banda formada em Vila do Conde pelos irmãos Praça, regressarem aos concertos, 22 anos após anunciarem o seu fim. É um dos grandes destaques da secção Stereo, juntamente com o programa da vanguardista austríaca Billy Roisz, o filme-concerto dos Bohren & der Club of Gore sobre Le Révélateur, de Philippe Garrel, e de Miaux, sobre O Circo das Almas, de Herk Harvey; além dos documentários musicais sobre Miucha, Elis e Tom Jobim.
6. Novas Vozes
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O programa New Voices aposta em realizadores jovens mas que são já grandes promessas de futuro, merecendo um pequeno destaque. Um deles é João González, o primeiro português nomeado para os Oscars, que conta com um programa que inclui uma exposição a contar a história por detrás da história de Ice Merchants. Outra é a basca Estibaliz Urresola Solaguren que estreou a primeira longa-metragem de ficção, 20 000 Espécies de Abelhas, na competição oficial do Festival de Berlim. A iniciativa mostra também as suas curtas, incluindo Cuerdas, que ganhou o Curtas em 2022. Há ainda o coletivo Total Refusal, que se define como “um grupo pseudomarxista de guerrilha mediática, centrado na intervenção artística e na apropriação de jogos de vídeo tradicionais”. Além dos seus filmes, farão uma performance.
7. Deborah Stratman
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O Curtas convida-nos a conhecer, em toda a sua diversidade, o trabalho de Deborah Stratman. A artista e realizadora norte-americana é, na verdade, presença assídua do festival, tendo vencido, por exemplo, a Competição Experimental, em 2003, com In Order Not To Be Here. O seu cinema, de resto, com engajamento político, explora as zonas de fronteira entre ficção, documentário e experimentalismo. O festival passa 12 curtas da realizadora, deixando de fora as longas, e concede-lhe uma carta-branca para programar sessões com os filmes que mais a influenciaram. Além disso, a Solar Galeria mostra Unexpected Guests, a primeira exposição de Stratman em Portugal, ela que tanto trabalha em cinema como em desenho, fotografia e pintura, e que já expôs em museus tão emblemáticos como o Centro Georges Pompidou, em Paris, e o Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque. A mostra evidencia a ligação entre o cinema e as outras artes visuais, que é uma constante no trabalho de Stratman.
31º Curtas de Vila do Conde > 8-16 jul > festival.curtas.pt