1. A Peça Para Dois Atores, Teatro da Trindade, Lisboa
Diogo Infante faz subir ao palco do Teatro Trindade a obra de Tennessee Williams que reflete sobre a prisão da doença mental.
Luísa Cruz e Miguel Guilherme interpretam os irmãos Clare e Felice, que, tendo sido deixados para trás pela companhia de teatro a que pertenciam, decidem encenar uma “peça para dois atores”, na qual as personagens têm nomes idênticos aos seus, cabendo ao espectador a tarefa de imaginar quando é que as palavras que saem da boca dos dois irmãos são frases de um guião ou a verbalização de tensões, medos e angústias reais.
“É uma peça tão maravilhosa quanto misteriosa, um mundo de insanidade que não pode ser completamente explicado”, diz Miguel Guilherme.
Ao longo de uma hora e meia, os atores abraçam a profundidade do texto, levando-nos a refletir sobre a solidão, o medo, a vida, a morte, os conceitos de limites e prisão. Afinal, quantos muros construímos para nos refugiarmos de nós mesmos e da imprevisibilidade da vida? O que nos impede de viver está para lá da janela ou dentro das nossas próprias cabeças? “O teatro tem de nos fazer pensar quando chegamos a casa”, defende Diogo Infante, que há 30 anos que sonhava encenar a obra. M.A.N. Teatro da Trindade > R. Nova da Trindade, 9, Lisboa > T. 21 342 0000 > até 25 jun, qua-sáb 21h, dom 16h30 > €10 a €20
2. O Filho, Teatro Aberto, Lisboa
O nome de Florian Zeller correu mundo quando o seu filme, O Pai, baseado numa peça de teatro também da sua autoria, deu a Anthony Hopkins, com 83 anos, um Oscar para melhor ator. O Filho, do mesmo autor francês, fez o mesmo percurso, do teatro para o cinema, e chega agora ao palco do Teatro Aberto (na sala da Praça de Espanha), adaptado e encenado pelos suspeitos do costume: Vera San Payo de Lemos e João Lourenço. Cleia Almeida, Paulo Pires, Paulo Oom, Pedro Rovisco, Sara Matos e Rui Pedro Silva dão corpo, em palco, às personagens desta peça, que nos fala de um adolescente, filho de pais divorciados, em crise. P.D.A. Teatro Aberto > R. Armando Cortez, Lisboa > T. 21 388 0086 > até 18 jun, qua-qui 19h, sex-sáb 21h30, dom 16h > €17
3. Nómadas, Teatro O Bando, Palmela
A nova produção do Teatro O Bando, com dramaturgia e encenação de João Neca, baseia-se num romance fragmentado da autora polaca Olga Tokarczuk (Nobel da Literatura em 2018). Nesse livro, a escritora reflete sobre a ideia de peregrinagem/viagem, ao longo dos últimos séculos. Nesta versão cénica, que convoca tecnologias digitais imersivas e a robótica, duas mulheres em movimento (interpretadas por Ana Lúcia Palminha e Rita Brito) estão no centro da ação, acreditando que, se se moverem sempre, podem escapar do mal. P.D.A. Teatro O Bando > Estrada de Vale de Barris, Palmela > T. 21 233 6850 > até 14 mai, qui-sáb 21h, dom 17h > €8, €10, €12 (o espectador escolhe o preço do bilhete)
4. Lindos Dias!, Teatro São Luiz, Lisboa
Com Cucha Carvalheiro a interpretar Winnie e com Luís Madureira a fazer de Willie – o companheiro de Winnie que vemos apenas de costas e que lhe dá respostas monossilábicas –, a encenação de Sandra Faleiro de Lindos Dias! regressa ao palco do Teatro São Luiz. Uma peça já clássica do irlandês Samuel Beckett (1906-1989), a traçar uma linha que se situa entre o sentido e o não-sentido, entre o absurdo e o não-absurdo, que nos obriga a questionar o papel do tempo e do seu efeito na mecanização das nossas ações. Ou que, simplesmente, mais não faz do que lembrar-nos de que um sentido para a vida pode mesmo não existir. C.M.S. São Luiz Teatro Municipal> R. António Maria Cardoso, 38, Lisboa > T. 21 325 7640 > 27 abr-7 mai, qua-sáb 19h30, dom 16h > €12
5. Em Duplicado, Teatro Meridional, Lisboa
A partir da leitura de O Homem Duplicado, de José Saramago, nasceu este espetáculo, com texto de Joana Bértholo e que junta em palco Carlos Marques, músico, ator e narrador, e Pedro Luzindo, músico, comediante e a sua possível cópia. Em Duplicado fala sobre escolhas e verticalidade através da música e da palavra, refletindo a importância do eu, do outro e do amor em tempos individualistas. Teatro Meridional > R. do Açúcar, Beco da Mitra, 64, Lisboa > T. 91 999 1213 > até 30 abr, qui-sáb 21h, dom 16h > €12
6. Entrelinhas, Quinta Alegre – Lugar de Cultura, Lisboa
A criação de Tiago Rodrigues e Tónan Quito, que se estreou em 2013 no Teatro São Luiz e tem circulado por diversos palcos europeus, está de volta a Portugal. Num labirinto narrativo, o espetáculo mistura o texto de Édipo Rei, de Sófocles, com as cartas de um preso para a sua mãe, escritas nas entrelinhas duma edição da tragédia grega encontrada na biblioteca da prisão. Mas regressa sempre ao presente: um teatro onde um ator vem explicar ao público por que motivo não conseguiu construir o espetáculo prometido. Quinta Alegre – Lugar de Cultura > Palácio do Marquês de Alegrete, Campo das Amoreiras, 94, Charneca do Lumiar, Lisboa > 27 abr-30 abr, qui-sáb 19h, dom 17h > grátis, mediante inscrição prévia para: quinta.alegre.lc@cm-lisboa.pt ou pelo T. 21 817 4040
7. A Morte do Corvo, Hospital Militar, Lisboa
Estamos em 1924. A funerária Nevermore é a fachada que esconde o quartel-general da delegação lisboeta da Ordem dos Corvos, uma sociedade secreta que procura o segredo da vida para além da morte. A liderá-la está Edgar Allan Poe, uma das personagens históricas que A Morte do Corvo, um projeto de teatro imersivo, “ressuscita” para participar na narrativa ficcional em que também entram, entre outros, Fernando Pessoal, Ofélia e Mário de Sá-Carneiro. Dominado pela inveja indomável que nutre em relação a Pessoa, Poe arquiteta um plano diabólico para levar o poeta à loucura e causar a sua morte. Senhoras e senhores, “bem-vindos ao funeral anunciado de um dos maiores poetas de sempre”. O espetáculo vai começar.
Nas quase duas horas que dura a peça, o público é convidado a seguir livremente nove personagens e a perder-se por mais de 25 salas, labirinticamente distribuídas ao longo dos dois mil metros quadrados do antigo Hospital Militar da Estrela. Em cada sessão, de aproximadamente 100 minutos, a história repete-se duas vezes, permitindo aos espectadores optar por assistir a outras cenas e seguir personagens diferentes. M.A.N. Hospital Militar da Estrela > R. Santo António à Estrela, 29 A, Lisboa > até 30 jul, qua-sáb 21h, dom 17h > €38-€60 (VIP)
8. A Omissão da Família Coleman, Teatro da Politécnica, Lisboa
Com encenação de Pedro Carraca, a nova criação dos Artistas Unidos adapta a peça A Omissão da Família Coleman de Claudio Tolcachir, sobre uma família à beira da dissolução. Como é que, vivendo numa casa, se constroem os espaços pessoais e se conciliam os espaços partilhados? Como é que se coexiste num ambiente de caos e privação? Para os Coleman, a omissão é a regra que rege as relações familiares. Uma comédia dramática que explora com humor e sensibilidade o absurdo da vida quotidiana e o desamparo humano. Teatro da Politécnica > R. da Escola Politécnica, 54, Lisboa > T. 96 196 0281 > 27 abr-27 mai, ter-qui 19h, sex 21h, sáb 16h e 21h > €10 > 27 abr (dia de estreia), qui 19h entrada livre, sujeita a reserva
9. Longa Jornada para a Noite, Teatro Nacional São João, Porto
Longa Jornada para a Noite foi descrita por Eugene O’Neill como uma “peça de antigas penas, escrita a lágrimas e sangue”, entre 1939 e 1941. Autobiográfica, só seria publicada e representada postumamente, em 1956, a pedido do dramaturgo, mas é vista como obra inaugural do teatro norte-americano de câmara.
Os quatro atos descrevem a tormentosa jornada dos Tyrones – mãe morfinómana, pai avarento e dois filhos alcoólicos e à deriva –, em permanente troca de acusações, sem conseguirem expiar os seus pecados e a serem engolidos por um escalar de ressentimentos.
Esta é uma coprodução do Teatro Nacional São João com a Ensemble – Sociedade de Atores, que convidou Ricardo Pais a regressar à casa que dirigiu durante 10 anos, recuperando a tradução feita por Luísa Costa Gomes em 2007, mas que nunca chegou ao palco. Para dar corpo à complexidade psicológica das personagens e à enredada trama emocional, o encenador rodeou-se de atores que marcaram o seu trabalho – Emília Silvestre, João Reis e Pedro Almendra, acompanhados por Simão do Vale Africano e Joana Africano – e, confessa, “tem sido interessante ver como esta família [teatral] cresceu, se maturou e ainda resiste, com uma técnica e referências adquiridas em boa parte nesta casa, e perceber como essas coisas sobrevivem nas pessoas e ainda estão completamente em carne viva, para serem postas em causa”. J.L. Teatro Nacional São João > Pç. da Batalha, Porto > T. 22 340 1910 > até 7 mai, qua-qui, sáb 19h, sex 21h, dom 16h > €10 a €40
10. C., Celeste e a Primeira Virtude, Teatro Viriato, Viseu, e Centro Cultural Vila Flor, Guimarães
Há 17 anos professora de Teatro, em 2019, Beatriz Batarda escreveu um monólogo sobre uma professora que sofria uma crise existencial na relação com os alunos. Quatro anos mais tarde, e após vários laboratórios em que pediu aos alunos que debatessem qual o lugar “da liberdade na arte e da arte na liberdade”, nasce a peça C., Celeste e a Primeira Virtude. “Celestes são os corpos dos artistas”, explica a atriz e encenadora.
Ao longo de duas horas, conhecemos uma turma de sete alunos de Teatro e a sua mestra, que se encontram a ensaiar o espetáculo de fim de ano, no qual cada um representará uma virtude. Justiça, Honestidade, Respeito, Excelência, Fé, Sensibilidade e Verdade interagem em palco, trazendo ao de cima algumas das tensões, preocupações, medos e debates que assolam muitas das salas de aula de Teatro em todo o País. M.A.N. Teatro Viriato > Lg. Mouzinho de Albuquerque, Viseu > T. 232 480 110 > 27-28 abr, qui 15h, sex 21h > €5 a €10 > Centro Cultural Vila Flor > Av. Dom Afonso Henriques, 701, Guimarães > 5-6 mai, sex-sáb 21h30 > €7,50