1. Em competição
Aleksandr Sokurov, figura de culto e um dos mais brilhantes cineastas russos das últimas décadas, vai estar no Leffest para apresentar o seu filme Fairytale. Isto, por si só, mostra o alto nível que se pretende para a secção competitiva do festival, que não é feita de novos talentos, mas sim de realizadores já com provas dadas – mesmo os mais novos já passaram pelos principais festivais de cinema europeus. Além de Sokurov, destaque-se o regresso de Abel Ferrara, presença já habitual no Leffest, que apresenta Padre Pio (desta vez, sem Willem Dafoe), na Itália a seguir à I Guerra Mundial. Mas há muito mais: o italiano Matteo Marrone, com Nostalgia, adaptação do romance de Ermanno Rea; Poet, do cazaque Darezhan Omirbayev; Beyond the Wall, do iraniano Vahid Jalilvand; ou Le Bleu du Caftan, da marroquina Maryam Touzani. De assinalar que, neste ano, a competição conta com um filme português: trata-se de Nação Valente, de Carlos Conceição.
2. Malkovich e Bolaño
John Malkovich é uma presença assídua no Leffest, mas desta vez vem numa qualidade muito especial. O ator norte-americano apresenta The Infamous Ramirez Hoffman, uma peça de teatro adaptada, pelo próprio, do livro A Literatura Nazi nas Américas, do chileno Roberto Bolaño. Uma peça para um só ator, sendo que Malkovich é acompanhado em palco por um trio musical, cujos arranjos são da responsabilidade de Anastasya Terenkova.
3. Rever Jim Carrey
Aos 60 anos, Jim Carrey anunciou o final da sua carreira de ator de cinema, passando a dedicar-se sobretudo à pintura e ao cartoon político. Este é o pretexto para a mais inesperada das retrospetivas do Leffest. Ao longo do festival, é possível rever os filmes de uma das mais conhecidas caras da comédia norte-americana das últimas quatro décadas, que se destacou em filmes como Grinch, The Truman Show, O Despertar da Mente, A Máscara, Homem na Lua ou Eu Amo-te, Phillip Morris.
4. Antestreias
Se a secção competitiva é feita de talentos confirmados, fora de competição são exibidos os mais recentes filmes de alguns dos grandes mestres do cinema. É o caso de David Cronenberg, que regressa ao festival, com Crimes do Futuro. Stephen Frears também está de volta, para apresentar O Rei Perdido. E Jerzy Skolimowski, figura maior do cinema polaco, vem a Lisboa para mostrar EO, assim como acontece com Cristian Mungiu, nome cimeiro do novo cinema romeno, na antestreia de R.M.N.. Haverá muitas outras antestreias, como Decisão de Partir, de Park Chan-Wook; White Noise, de Noah Baumbach; Toda a Beleza e a Carnificina, de Laura Poitras; The Whale, de Darren Aronofsky; Master Gardener, de Paul Schrader; Leonora Addio, de Paolo Taviani; Armageddon Time, de James Gray; ou Broker, de Hirokazu Koreeda.
5. Sérgio Tréfaut
Um dos acontecimentos do Leffest é a antestreia portuguesa de A Noiva, filme de Sérgio Tréfaut, que conta a história de uma europeia que decide abandonar tudo e todos para se casar com um guerrilheiro do Daesh. A este propósito, o festival proporciona-nos a primeira retrospetiva integral do realizador. Um total de 13 filmes, entre curtas e longas, entre documentários e ficções, quase sempre com um sentido político presente. Entre outros, é tempo de (re)ver Os Lisboetas, magnífico retrato de uma Lisboa multicultural; Viagem a Portugal, ficção atuante em torno da imigração do SEF, com Maria de Medeiros; Treblinka, olhar sobre o abjeto campo de concentração; Raiva, a adaptação de Seara de Vento, de Manuel da Fonseca; ou Paraíso, que nos mostra as cantatas do Rio de Janeiro, com um grande sentido poético.
6. Romper as Grades
Angela Davis, figura histórica e ícone da luta feminista e antirracista nos Estados Unidos da América, vai estar presente em Lisboa para participar em debates do ciclo temático Romper as Grades. Trata-se de um programa multidisciplinar que nos convida a refletir sobre a prisão, enquanto conceito prático e teórico. Davis estará numa mesa, com o tema Abolicionismo, ao lado de Gina Dent, também ela uma ativista feminista norte-americana.
O ciclo integra debates em torno de filmes projetados, como The Roof, de Malak Mattar, ou Fome, de Steve McQueen (com a presença de Michael Fassbender), mas não só. Olga Roriz apresenta A minha história não é igual à tua, espetáculo concebido com um grupo de reclusos do Estabelecimento Prisional do Linhó; Dino D’Santiago dá um concerto no Centro Cultural Olga Cadaval; e o MU.SA – Museu de Artes de Sintra recebe a exposição Arte entre Ruínas: Sublimação Artística na Faixa de Gaza, com obras da pintora Malak Mattar.
7. L.A. Rebellion
Foi um dos mais revolucionários e produtivos movimentos cinematográficos dos Estados Unidos da América. O L.A. Rebellion, assim ficou conhecido, formou-se através da minoria negra que frequentava a escola de cinema californiana UCLA e durou cerca de duas décadas, entre o final dos anos 60 e o final dos anos 80, criando uma alternativa ao cinema “branco” que se fazia em Hollywood. O Leffest faz uma retrospetiva do L.A. Rebellion, mostrando filmes de 14 realizadores, muitos deles inéditos em Portugal, e traz-nos alguns dos seus grandes nomes para debater o movimento e os seus filmes. Entre outros, estarão presentes em Lisboa e em Sintra Ben Caldwell, Charles Burnett, Julie Dash e Billy Woodberry para falar do seu cinema. No total, são nove sessões cheias de filmes que vale a pena descobrir.
LEFFEST – Lisbon & Sintra Film Festival > Cinema Nimas e Teatro Tivoli, Lisboa, e Centro Cultural Olga Cadaval, Sintra > até 20 nov > programação completa aqui