A designer de luz Cárin Geada é a vencedora da 3ª edição do Prémio Revelação Ageas Teatro Nacional D. Maria II, um prémio anual no valor de cinco mil euros, criado para reconhecer e promover os talentos emergentes no panorama teatral. A cerimónia teve lugar na quarta-feira, 12 de outubro, na Sala Garrett do teatro lisboeta.
Eleita por um júri composto por dezasseis profissionais que representam diversas áreas associadas ao meio artístico e cultural português, Cárin Geada foi a primeira vencedora do galardão a representar uma área do teatro associada aos bastidores. Antes dela, haviam ganho o prémio os atores Sara Barros Leitão e Mário Coelho.
Em conversa com a VISÃO, a designer de luz partilhou a surpresa e a alegria que sentiu ao ver distinguida, mais do que a sua carreira, uma área que normalmente não está sob as luzes da ribalta. Sete perguntas à jovem revelação.
Alguma vez pensou vencer este prémio?
Este prémio costuma ser atribuído a atores e encenadores e o facto de alguém que faz desenhos de luz ter ganhado é uma surpresa muito grande. Além do desenho de luz, temos os técnicos de som, os figurinistas, aderessistas, os cenógrafos. Todas estas pessoas também ajudam na criação e dramaturgia de um espetáculo e o facto de, este ano, o prémio ter sido entregue a alguém que faz parte desse grupo é muito importante. Estamos a mostrar que existem mais coisas para além da encenação e da interpretação.
Qual o papel da luz nessa dramaturgia que fala?
A luz pinta um cenário, uma cena e dá a sua dramarturgia ao espetáculo. Cria um ambiente para cada cena, dando ao espectador a sensação de se encontrar perante uma cena mais assustadora, mais sombria ou então o oposto.
Consoante o ator que se tem em palco, desenha-se uma luz específica para essa pessoa?
Sempre. A luz é pensada e desenhada tendo, obviamente, em conta o texto e as indicações do encenador, mas também os atores, a maneira como se movem, como falam, a cenografia, o tipo de figurino que está em palco ou o som que é usado. Não se põe uma luz só porque sim.
Esta foi logo a sua primeira opção, quando decidiu enveredar por uma carreira no mundo do espetáculo?
É engraçado que a minha primeira opção era o som, porque desde miúda tinha o sonho de fazer concertos e andar em tours, mas sempre numa perspetiva mais ligada à produção musical. Quando fui estudar na Academia Contemporânea do Espetáculo, comecei a ter contacto com o desenho de luz e isso acabou por me apaixonar mais.
De que forma este prémio poderá ajudá-la a desenvolver a sua carreira?
Acho que o prémio é bastante gratificante e positivo. Pode-me ajudar, pelo menos, a estudar outras áreas, lá fora, e a investir em material.
Estudar lá fora, mas trabalhar cá dentro?
Depende. Eu já estive lá fora, mas acabei por voltar, pelo tipo de trabalho e ofertas que tive aqui. Gosto de trabalhar em Portugal e gostava de continuar a trabalhar cá. Ir estudar para fora é mais no sentido de aprofundar os meus estudos e não ficar demasiado estagnada ou formatada no meu trabalho.
Objetivos de carreira nos próximos tempos…
Se calhar, desenvolver algum projeto que gostasse e para o qual até agora não tenha conseguido financiamento.