Numa edição dos Oscars em que quase parece que cada causa teve a sua quota, o tema sempre pertinente e atual da integração dos emigrantes coube a Minari, de Lee Isaac Chung. O realizador norte-americano de ascendência coreana, nascido no Colorado, percebeu que tinha na sua história familiar um maná de emoções capaz de atrair público. Mais do que a sua própria história – Lee será a criança do filme –, conta a história dos seus pais e a sua luta, feita de forma bastante original, pela integração e pela sua sobrevivência e autonomia financeira nos Estados Unidos da América. E é esse toque de verdade, de autenticidade, distante de alguns lugares-comuns (próximo de outros) que confere riqueza e diferenciação ao filme.

Não estamos perante a história típica do homem contra a sociedade, mas algo mais complexo, conseguido através da densidade e das contradições das personagens, que se tornam ricas por serem autênticas e coerentemente se aproximarem e afastarem dos seus próprios estereótipos. Isto apesar de, na sua essência, o empreendedor desígnio do pai encaixar no cumprimento do paradigma do sonho americano.
Efetivamente, Jacob quer vingar na América procurando caminhos pouco óbvios, mas coincidentes com a filosofia do empreendedorismo, ao criar em contracorrente a sua própria e inovadora produção agrícola. Tudo corre bem até ao dia em que corre mal. Mas não é essa a essência do filme. Na sua base é uma história de família, com detalhes de conto infantil, e outros de justiça poética: como o veterano de guerra que todos os domingos carrega uma cruz para expiar os seus pecados.
Veja o trailer de Minari:
Minari > De Lee Isaac Chung, com Steven Yeun, Yeri Han, Alan S. Kim > 115 minutos