Com a indústria musical então praticamente suspensa e à espera de melhores dias, o lançamento surpresa de Kriola, o último disco de Dino D’Santiago, foi um dos acontecimentos musicais desta primavera passada em confinamento. Conforme o músico explicou na altura, estava inicialmente previsto para meados de abril, mas depois de ter sido informado pela editora de que todos os novos álbuns iriam ser adiados durante algum tempo, decidiu antecipar o lançamento. “Era o que fazia mais sentido para mim, até porque coincidia com o aniversário do meu pai. Foi uma maneira de me sentir mais perto dele, numa altura em que tínhamos de estar separados”, referiu.
Tal como acontecia em Mundu Nôbu, também Kriola remete para a tradição musical cabo-verdiana, estabelecendo uma ligação de continuidade, mas também de evolução, com o anterior trabalho. E embora não tenha podido, então, mostrá-lo ao vivo – como seria normal num mundo pré-pandemia –, o músico e cantor algarvio de origem cabo-verdiana sentiu ser esse “o momento exato” para dá-lo a conhecer, via internet, especialmente pela “mensagem de mistura e de crioulidade, numa altura em que o mundo se estava a fechar”.
A festa adiada vai, agora, finalmente acontecer no Pavilhão Rosa Mota, no Porto, inserida no festival Portugal ao Vivo 20 20. Apesar de ainda não poder ser daquelas festas a que estamos habituados, com multidões a dançar ao som de Dino D’Santiago, a banda sonora deste tempo estranho, tão a preto e branco, ganhou mais cor com Kriola – e isso também merece ser celebrado. Mesmo com máscara e distanciamento social.
Dino D’ Santiago > Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota > R. de D. Manuel II, Jardins do Palácio de Cristal, Porto > T. 22 050 3257 > 26 nov, qui 20h > €10 a €18