Há 75 anos a rodar filmes, sem nunca perder a vitalidade, o Cineclube do Porto (CCP) dá início ao programa de aniversário nesta quinta, 15. Até final deste mês, na Casa das Artes, não faltará o que ver, ouvir e aprender sobre o mais antigo cineclube do País ainda em atividade. “Temos um sentido de comunidade, que não se encontra numa sala convencional”, defende Joana Canvas Marques, a presidente da direção do CCP. Na instituição, acrescenta, “as pessoas conhecem-se, encontram-se e discutem cinema.”
O programa, que marca este 75º aniversário, inclui o lançamento de um livro sobre a história do CCP, um cine-concerto, conversas, um curso sobre a história do cinema português, e, claro, muitos filmes. “Somos uma instituição independente, podemos programar como tal”, sublinha Joana Canvas Marques.
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A exibir filmes desde 1945
Foi a 13 de abril de 1945, em plena ditadura, que surgiu o Clube Português de Cinematografia – Cineclube do Porto, no Liceu Alexandre Herculano. Os 75 anos eram para ter sido assinalados a 13 de abril, mas a pandemia fez adiar as comemorações, sem alterar o programa previsto. Assim, até ao último dia de outubro, o guião mantém-se, sem cortes nem interrupções, na Sala Henrique Alves Costa, na Casa das Artes, onde o cineclube se instalou em 2013.
Nesta quinta, 15, às 21h30, é projetado o filme Vampyz, de Carl Th. Dreyer, numa espécie de preâmbulo do Ciclo 7 1/2 (Sete e Meio), cuja premissa é a escolha de um filme por década – desde a fundação do Cineclube até aos nossos dias -, num total de nove sessões exibidas nos primeiros sábados de cada mês, sempre às 18 horas. É o caso de O Quarto Mandamento, de Orson Welles, apresentado pela dramaturga e cineasta Regina Guimarães (17 out, sáb 18h), seguindo-se filmes como Sans Soleil, de Chris Marker, Arca Russa, de Aleksandr Sokurov, e Under the Skin, de Jonathan Glazer, além de obras de Bresson, Godard e Coppola.
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Em mês de festa, regressa O Gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiene, um filme mudo, precursor do expressionismo alemão, realizado em 1920, cuja projeção será acompanhada ao vivo pelo coletivo Haarvöl (22 out, 21h30).
Um dos pontos altos do programa de aniversário será a estreia da cópia restaurada de O Auto de Floripes (24 out, 18h). O filme, gravado no verão de 1959, em Viana do Castelo, e estreado em maio de 1963 no Cinema Trindade, no Porto, foi realizado pela Secção de Cinema Experimental do Cineclube do Porto, a partir de uma ideia original de Henrique Alves Costa, crítico de cinema e uma das figuras mais marcantes do cineclube portuense. No mesmo dia, Jaime Neves, professor e investigador, orienta um curso dedicado à história do cinema português, desde Aurélio da Paz dos Reis até à atualidade e à premiada “geração das curtas”. Com a duração de seis horas (10h-13h, 14h-17h30), o curso está sujeito a inscrição prévia (€35).
No último dia de outubro, além da exibição de duas curtas (Um homem não é um homem só, de Alberto Seixas, e Memórias Familiares, de Adriana Rocha, José Alberto Pinto e Luís Vieira Campos), será apresentado o livro 75 anos: Cineclube do Porto, com artigos de investigadores e personalidades destacadas da área do cinema (31 out, 18h). Uma “urgência histórica” para convocar cinéfilos e mostrar que “o Cineclube do Porto está fervorosamente ativo”, sublinha Joana Canas Marques.
Outra novidade desta celebração é a abertura do arquivo do Clube Português de Cinematografia – Cineclube do Porto a cinéfilos e investigadores, cujo acervo se encontra na Casa do Infante e conta com mais de cinco mil títulos dedicados ao cinema.
Cineclube do Porto > Casa das Artes, R. Ruben A, 210, Porto > T. 22 011 6350 >15-31 out, qui 18h, sáb 21h30 > €3,50 > cineclubedoporto.wordpress.com