Verão de 85 é construído com aquela leveza colorida, cheio de juventude e caras bonitas, que nos remete para o ambiente da série Verão Azul, mas deslocada para a Riviera francesa, contando uma história de amor e morte protagonizada por dois adolescentes. Busca imageticamente aquela luminosidade pop e nostálgica de um tempo ausente, mas o filme derrapa colocando-se no extremo oposto da subtileza e beldade de Chama-me Pelo Teu Nome (Luca Guadagnino, 2017).
Mesmo nesse mergulho que poderia ser feliz, a forma como Ozon planta a narrativa, com personagens caídas do céu e facilitismos primários de gosto muito duvidoso, envolvem tudo numa artificialidade irritante a roçar o ridículo. Logo de início, a relação de Alexis com David e sua mãe é de tal forma absurda que julgamos estar perante um filme de terror (algo como Foge, Jordan Peele, 2017). Claro que depois não vai por aí, o que até poderia ser bastante mais interessante.
O filme insiste, desde o primeiro momento, numa certa obsessão pela morte. Mas isso só surge enquanto narrado: não o desvendamos nos atos e nas situações em torno de Alexis. Verão de 85 tenta forçar uma certa profundidade através de um texto narrado em off, em contraste com a leveza pop do ambiente balnear. Como se uma pessoa mostrasse a sua tristeza repetindo várias vezes que está triste. Um filme não conseguido de um realizador de trajeto irregular, mas que tem trazido algumas boas obras ao cinema francês.
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Verão de 85 > de François Ozon, com Félix Lefebvre, Benjamin Voisin, Philippine Velge > 100 min