O compromisso com a liberdade e a forma como abordou as questões mais alienantes do seu tempo – a guerra, a violência, a crise dos refugiados ou as alterações climáticas – fazem de Yoko Ono uma artista referencial. Em abril, Serralves dedica-lhe a primeira grande apresentação em Portugal, O Jardim-escola da Liberdade, ideia que serve de inspiração à programação anual do museu – ele, próprio, um lugar de liberdade e de aprendizagem, como reforçou Philippe Vergne, o diretor artístico. Estarão reunidos objetos, obras em papel, instalações, performances, gravações e materiais de arquivo da artista pioneira da arte conceptual e da performance, que dividiu a carreira entre Nova Iorque, Tóquio e Londres, desafiando convenções estéticas, sociais e políticas.
Esta será uma das duas grandes exposições a interligar o Museu de Arte Contemporânea e o Parque de Serralves. Outro nome de referência ocupará os diferentes espaços da instituição, o da escultora franco-americana Louise Bourgeois (1911-2010), com um grupo de 30 esculturas nunca antes vistas em Portugal, entre as quais as monumentais Maman e Spider Copule, em locais por desvendar do parque. A retrospetiva Desenvencilhar um Tormento está prevista para outubro.
As ligações com a Casa do Cinema Manoel de Oliveira (CCMO), inaugurada em 2019, também serão estimuladas. “Um casamento polígamo”, brincou Philippe Vergne, que começa com Uma Série de Interpretações Absolutamente Improváveis, Ainda Assim Extraordinárias, a mostra dedicada a Arthur Jafa, artista natural de Los Angeles, vencedor do Leão de Ouro na Bienal de Veneza de 2018, a inaugurar a 20 de fevereiro. “É a primeira vez que o seu trabalho é apresentado em Portugal e nos últimos anos ganhou a atenção da comunidade artística”, sublinhou o diretor artístico.
As práticas mais vanguardistas da atualidade não serão esquecidas. Em outubro, será a vez de ser inaugurada a primeira retrospetiva dedicada João Maria Gusmão & Pedro Paiva, dupla portuguesa aclamada internacionalmente, com uma obra alicerçada no filme experimental, no documentário e em filmagens de âmbito antropológico. Refira-se ainda a mostra do tailandês Korakrit Aruranondchai, marcada para o mesmo mês, com escultura, performance, instalação e vídeo, uma reflexão sobre a interação entre crenças tradicionais, ambiente e o desenvolvimento da tecnologia, política e cultura no seu país natal.
A coleção do museu também estará foco na iniciativa In Depth, que consiste na realização permanente de exposições monográficas dedicadas a alguns dos artistas representados (Lourdes Castro, Jorge Queiroz e Matt Mullican) ou a exibição de obras particulares (de Dara Birnbaum, Rui Toscano, Didier Fiúza Faustino e Roni Horn). Além disso, a coleção irá continuar a viajar pelo País, fruto das parcerias com várias autarquias e instituições, e pelo estrangeiro, como é o caso da mostra dedicada a Siza Vieira, que chegará a Macau e ao Rio de Janeiro.
O arquiteto, aliás, será o responsável pelas obras de adaptação da Casa de Serralves, após as quais estará pronta para acolher uma nova perspetiva da coleção Miró, desta vez dedicada às relações entre o artista catalão e a poesia, a inaugurar no outono.
O momento da apresentação da programação foi aproveitado para apresentar também o novo diretor do Parque de Serralves, António Gouveia, que abandonou a direção do Jardim Botânico de Coimbra para assumir, há duas semanas, este cargo.
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