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Foram muitas as transformações sofridas ao longo do tempo pelo Palácio de São Bento, em Lisboa, que acolhe a Assembleia da República, desde 1895, dos tempos em que foi um Mosteiro da Ordem Beneditina, até 1999, ano da sua última requalificação a partir do projeto de Fernando e Bernardo Távora. Tantas quantas teve a nossa história, diríamos.
A Casa da Democracia: entre Espaço e Poder, segunda exposição a ocupar a Galeria da Casa da Arquitetura (CA), em Matosinhos, pretende “pensar a Assembleia da República como objeto de ensaio sobre as relações entre espaço e poder. E, ao mesmo tempo, “a forma como a arquitetura expressa um determinado projeto político”, salienta Susana Ventura, curadora desta mostra que é já o resultado do protocolo celebrado com a CA para o tratamento arquivístico dos projetos dos edifícios da Assembleia da República.
Dividida em quatro núcleos – Monarquia Constitucional, Primeira República, Estado Novo e Democracia – a exposição apresenta-nos as diferentes apropriações do edifício consoante os regimes vigentes. Durante a época do Estado Novo, por exemplo, veremos imagens das galerias vazias, com todas as decisões a passarem pelo gabinete de António de Oliveira Salazar. “No Estado Novo houve a necessidade de dar uma imagem mais monumental ao edifício”, lembra Susana Ventura, dando como exemplo o projeto de Cristino da Silva que eliminou “qualquer expressão de vida urbana no espaço público”, desenhando a escadaria e vários jardins laterais como forma de “desmotivar a ocupação do espaço pela população”.
Mais tarde, no pós 25 de Abril, o projeto de Fernando e Bernardo Távora, porém, devolveu o edifício à cidade. “O edifício novo é parte integrante do tecido a que se une formalmente, evocando inclusive o pedaço de cidade que os frades beneditinos impulsionaram em redor do Palácio”, lembra Susana Ventura. “A arquitetura democrática do edifício novo – indiferente ao poder que a ergue, anónima, porque pertence à rua de todos – permite também que o Palácio de São Bento continue a afirmar-se como monumento”, reforça.
Esta exposição, acrescenta a curadora, pretende “desconstruir a imagem da Assembleia da República (AR) como edifício institucional”. Através de fotografias de Paulo Catrica, o visitante percorre zonas atuais da AR que o público não conhece, num projeto expositivo da arquiteta Luísa Bebiano que colocou uma espécie de círculo a meio da sala da galeria muito semelhante ao hemiciclo, esse sim, que todos conhecemos.
A Casa da Democracia: entre Espaço e Poder > Casa da Arquitetura, Av. Menéres, 456, Matosinhos > 17 fev – 15 abr, ter-sex 10h-18h, sáb-dom 10h-19h > €2 (Galeria da Casa)